terça-feira, 31 de agosto de 2010

D.A. Carson: A Dificil Doutrina do Amor de Deus

Trechos Selecionados

1)B. Algumas diferentes maneiras da Bíblia falar do amor de Deus

Eu considero que é melhor avisá-lo que nem todas as passagens a que me refiro realmente usam a palavra amor. Quando falo da doutrina do amor de Deus, estou a incluir temas e textos que retratam o amor de Deus, mesmo sem nunca usar a palavra, assim como Jesus proferiu parábolas que descreviam a graça sem usar essa palavra.

Com esse prévio alerta, eu chamo sua atenção para cinco maneiras distintas da Bíblia falar do amor de Deus. Esta não é uma lista exaustiva, mas é heuristicamente útil.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Louis Berkhof (1873-1957): A Objeção Racionalista à Graça Comum

Outra objeção à doutrina da graça comum é que ela pressupõe certa disposição favorável de Deus mesmo para com os pecadores reprovados, quando não temos nenhum direito de supor que Deus tenha tal disposição. Esta crítica toma o seu ponto de partida no conselho eterno de Deus, em Sua eleição e reprovação. Ao longo da linha da Sua eleição, Deus revela Seu amor, Sua graça, Sua misericórdia e Sua longanimidade levando à salvação; e na concretização histórica da Sua reprovação, Ele dá expressão à Sua aversão, ao Seu desfavor, ao Seu ódio, à Sua ira, levando à destruição



Mas isto parece uma simplificação exagerada e racionalista da vida interior de Deus, simplificação que não leva em conta a Sua auto-revelação. Ao falarmos deste assunto, devemos ser muito cuidadosos e deixar-nos guiar pelas declarações explícitas da Escritura, e não por nossas atrevidas inferências do secreto conselho de Deus. 

domingo, 29 de agosto de 2010

David Paraeus (1548-1622): Comentário sobre a Questão 40 do Catecismo de Heidelberg

Questão 40: Porque foi necessário para Cristo sofrer a “morte”?

Resposta: Porque a justiça e a verdade de Deus requeria que a satisfação pelos nossos pecados fosse feita de nenhuma outra maneira a não ser pela morte do Filho de Deus.

III. Cristo morreu por todos?

Para responder a esta pergunta devemos fazer uma distinção, de forma a harmonizar aquelas passagens das Escrituras que parecem ensinar doutrinas contraditórias. Em alguns lugares é dito que Cristo morreu por todos, e pelo mundo todo:

sábado, 28 de agosto de 2010

Zacarias Ursino(1534–1583): A Morte de Cristo no Comentário sobre o Catecismo de Heidelberg

Trechos Selecionados

Pecados do mundo e frases cognatas:

1) 2. Era necessário que o resgate a ser pago pelo Redentor fosse de valor infinito, para que pudesse possuir dignidade e mérito suficiente para a redenção das nossas almas, e para que pudesse se recorrer a ele no julgamento de Deus, com o propósito da expiação dos nossos pecados e da restauração em nós daquela justiça e vida que tínhamos perdido. Por isso convinha que a pessoa que faria essa satisfação por nós, fosse dotado de infinita dignidade, isto é, que fosse Deus. Porque a dignidade da satisfação, por conta daquilo que poderia ser aceitável diante de Deus e de valor infinito, embora temporal, consiste em duas coisas: na dignidade da pessoa e na grandeza da punição. 


A dignidade da pessoa que sofreu aparece nisto: que essa pessoa era Deus, o próprio Criador, que morreu pelos pecados do mundo. Morte esta que é infinitamente superior a destruição de todas as criaturas, e mais benéfica do que a santidade de todos os anjos e homens. Por isso é que os Apóstolos, quando falam dos sofrimentos de Cristo, quase sempre fazem menção de sua divindade. "Deus comprou a Igreja com seu sangue." "O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado." Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo." Sim, o próprio Deus, no Paraíso, participou dessas duas coisas: "A semente da mulher te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. "(Atos 20:28. 1 João I: 7. João 1:29. Gen. 3:15).

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Zacarias Ursino (1534-1583): Comentário sobre a Questão 37 do Catecismo de Heidelberg

Questão 37: O que você compreende pela palavra “sofreu”?

Resposta: Que todo o tempo em que Ele viveu na terra, mas especialmente no final da sua vida, Ele suportou, em corpo e alma, a ira de Deus contra os pecados de toda a raça humana; a fim de que pelo seu sofrimento, como o único sacrifício expiatório, Ele pudesse redimir nosso corpo e alma da danação eterna, e obter para nós a graça de Deus, a justiça e a vida eterna. [Lord’s Day 15, Q 37.]


I. O que devemos entender pela Paixão de Cristo, ou que Cristo sofreu?

Pelo termo paixão devemos entender toda a humilhação de Cristo, ou a obediência de toda sua humilhação, todas as misérias, enfermidades, tristezas, tormentos e vergonhas a que foi sujeito, por nossa causa, desde o momento de seu nascimento até a hora da Sua morte, tanto no corpo quanto na alma. A principal parte de Seu sofrimento e angústia foram os tormentos da alma, nos quais Ele sentiu e suportou a ira de Deus contra os pecados de toda a humanidade

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

David Ponter: O Catecismo de Heidelberg e a Morte de Cristo


"Questão 37: O que você compreende pela palavra “sofreu”?


Resposta 37: Que todo o tempo em que Ele viveu na terra, mas especialmente no final da sua vida, Ele suportou, em corpo e alma, a ira de Deus contra os pecados de toda a raça humana; a fim de que pelo seu sofrimento, como o único sacrifício expiatório, Ele pudesse redimir nosso corpo e alma da danação eterna, e obter para nós a graça de Deus, a justiça e a vida eterna". [Lord’s Day 15, Q 37.]

Existem duas interpretações desta passagem. De um lado há Nicole que a descreve em seu ensaio "The Doctrine of Definite Atonement in the Heidelberg Catechism ", e em The Gordon Review 8 (1964) 138-144. Esta escola pode sugerir coisas como: por "toda a raça humana" Ursinus queria dizer "todo tipo de homens", ou que "a ira de Deus é contra toda classe de pecado”, e, portanto, não se refere ao  "alcance da substituição de pecados suportados por Cristo” (Voetius, cited by Nicole; 142 ). Pode-se verificar os comentários sobre o catecismo por De Witte, VanderKemp (e outros), e até o GI Williamson dizendo coisas semelhantes.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Zacarias Ursino e Gaspar Oleviano: Catecismo de Heidelberg (1563)

DEUS FILHO E NOSSA SALVAÇÃO


DOMINGO 11


29. O nome "Jesus" significa "Salvador". Por que o Filho de Deus tem este nome?

R. Porque Ele nos salva de todos os nossos pecados(1) e porque, em ninguém mais, devemos buscar ou podemos encontrar salvação (2).

(1) Mt 1:21; Hb 7:25. (2) Is 43:11; Jo 15:4,5; At 4:11,12; 1Tm 2:5; 1Jo 5:11,12.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

John Murray: Comentário sobre Romanos 2:4

“Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?”


Neste versículo, temos outra pergunta, introduzida por “ou”, e a palavra “desprezas” é correlata a “pensas”, no versículo 3. O propósito deste “ou” não é sugerir uma alternativa; mas é termo retórico, como as próprias perguntas. E o efeito disso é premir sobre os judeus, em intensidade crescente, a impiedade da qual se mostravam culpados. 

Em outras palavras, não são formas alternativas de interpretar as atitudes dos judeus e sim diferentes maneiras de dizer qual é a atitude deles. E o versículo 5 demonstra que o apóstolo não entretinha qualquer dúvida a respeito do desprezo votado pelos judeus às riquezas da bondade de Deus. Paulo estava como que tratando com os judeus empedernidos e, com intensidade crescente de depreciação, mostrou-lhes a perversão de que se fizeram culpados.

D. A. Carson: Mateus 23:37

“Jerusalém, Jerusalém,  você que mata os profetas, e apedreja os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que suas casas ficarão desertas; Porque eu vos digo que desde agora me não vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor.”

A quase exata equivalência verbal entre estes versos e Lucas 13:34-35 torna quase certo que ambos, Mateus e Lucas, estão seguindo a mesma fonte escrita (Q?) e, portanto, que pelo menos um dos dois evangelistas deslocou esta oração de seu lugar na vida de Jesus. Certamente, o lamento é mais essencial para o cenário em Mateus do que em Lucas (cf. Suggs, pp. 64-66; Garland, pp. 187-97). Jesus, sem dúvida, lamentou sobre a cidade em outras ocasiões (Lc 19:41-44), e a ampla compaixão das suas palavras é característica (Mt 9:35-38).

domingo, 22 de agosto de 2010

Sam Storms: Existem duas vontades em Deus?

O que a Bíblia quer dizer quando fala da vontade de Deus? Deus sempre impõe sua vontade? Pode a vontade de Deus ser resistida ou frustrada? Considere os seguintes textos:

“Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado”. (Jó 42:2)
.
“Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?”(Dn. 4:35)

sábado, 21 de agosto de 2010

Dominic Bnonn Tennant: Compreendendo os Desejos de Deus

Mateus 23:37


Essa é uma resposta para o meu amigo Jim sobre a sinceridade do lamento de Jesus sobre Jerusalém em Mateus 23:37. Isto surge na sequência do meu argumento anterior sobre o propósito divino, no qual eu refuto a visão de que Deus quer salvar todas as pessoas, mas é impedido pelo livre arbítrio humano. Aqui, vou abordar a dupla questão de que minha visão leva necessariamente à confusão ou à dúvida sobre a palavra de Deus, e ainda interagir com a solução contrária proposta por Jim da autonomia humana

Recentemente, eu proferi um argumento contra a vontade de Deus de salvar todos os homens sem exceção. Isso gerou alguns comentários, iniciados pelo meu bom amigo Jim. Ele levantou algumas preocupações que eu penso serem valiosas para serem discutidas separadamente do comentário sobre o artigo original.

John Piper: Existem Duas Vontades em Deus?



Parte 6 de 6


Isso Faz Sentido?


Eu passo agora à tarefa de refletir sobre como essas duas vontades de Deus se encaixam e fazem sentido - na medida em que esta finita e falível criatura pode responder a esse desafio.

A primeira coisa a afirmar, tendo em vista todos estes textos é que Deus não peca:

"Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória". (Isaías 6:3). 

“Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta." (Tiago 1:13). 

Ao ordenar todas as coisas, inclusive atos pecaminosos, Deus não peca. Pois, como Jonathan Edwards diz: 

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

John Piper: Existem Duas Vontades em Deus?

Parte 5 de 6


Será que Deus se Deleita com o Castigo dos Ímpios?


Nós acabamos de ver que Deus "quis" matar os filhos de Eli, e que a palavra para esse desejo é a mesma usada em Ezequiel 18:23 quando Deus diz não “ter prazer” na morte do ímpio. Outra ilustração desse complexo desejo encontra-se em Deuteronômio 28:63. Moisés é advertido da vinda do julgamento sobre o Israel impenitente. O que ele diz é muito diferente (não contraditório, como irei argumentar) de Ezequiel 18:23. "Assim como o Senhor se alegrava em vós outros, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, da mesma sorte o Senhor se alegrará em vos fazer perecer e vos destruir."

Aqui uma palavra ainda mais forte para a alegria é usado (yasis) quando diz que Deus "se alegrará em vos fazer perecer e vos destruir." Somos confrontados com o incontestável fato bíblico de que que em certo sentido, Deus não se deleita na morte do ímpio (Ezequiel 18), e em outro sentido, Ele se deleita. (Deuteronômio 28:63; 2 Samuel 2:25).

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

John Piper: Existem Duas Vontades em Deus?





Parte 4 de 6


O Direito de Deus Restringir o Mal e Sua Vontade de Não Fazer Isso


Outra linha da evidência bíblica de que Deus às vezes quer fazer acontecer o que Ele desaprova é sua escolha de usar ou não usar seu direito de restringir o mal no coração humano. Provérbios 21:01 diz, "Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina."

Um exemplo deste direito divino sobre o coração do rei é dado em Gênesis 20. Abraão estava peregrinando em Gerar e disse ao rei Abimeleque que Sara era sua irmã. Então Abimeleque, a toma como parte de seu harém. Mas Deus fica descontente e o avisa em um sonho que ela é casada com Abraão. Abimeleque protesta a Deus que ele a tinha tomado na sua integridade. E Deus diz (no versículo 6): “Bem sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu te tenho impedido de pecar contra mim; por isso não te permiti tocá-la.”

O que é evidente aqui é que Deus tem o direito e o poder para restringir os pecados dos governantes seculares. Quando Ele faz, é Sua vontade fazê-lo. E quando Ele não faz, é Sua vontade não fazê-lo. O que quer dizer que às vezes Deus quer que seus pecados sejam restringidos e outras vezes Ele quer que eles aumentem mais do que se os tivesse restringido.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

John Piper: Existem Duas Vontades em Deus?

Parte 3 de 6

A Obra de Endurecimento por Deus


Outra evidência com o fim de demonstrar Deus desejando um estado de coisas em um sentido que Ele desaprova em outro é o testemunho da Escritura de que Deus quis endurecer o coração de alguns homens para que eles se tornassem obstinados em comportamento pecaminoso, o qual Deus desaprova.

O exemplo mais bem conhecido é o endurecimento do coração de Faraó. Em Êxodo 8:01 o Senhor diz a Moisés: “Depois, disse o SENHOR a Moisés: Chega-te a Faraó e dize-lhe: Assim diz o SENHOR: Deixa ir o meu povo, para que me sirva." Em outras palavras, a ordem de Deus, que é a sua vontade, é que o faraó deveria deixar ir os israelitas. No entanto, desde o início, Ele também não quis que o Faraó deixasse ir os israelitas. Em Êxodo 4:21 Deus diz a Moisés: "Quando voltares ao Egito, vê que faças diante de Faraó todos os milagres que te hei posto na mão; mas eu lhe endurecerei o coração, para que não deixe ir o povo."

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

John Piper: Existem Duas Vontades em Deus?

Parte 2 de 6


Ilustrações das Duas Vontades em Deus


1) A Morte de Cristo




O exemplo mais convincente da vontade de Deus de que o pecado venha a ocorrer enquanto ao mesmo tempo desaprova o pecado é a morte de seu perfeito e divino Filho. A traição de Jesus por Judas foi um ato moralmente mau inspirado de forma imediata por Satanás (Lucas 22:3). No entanto, em Atos 2:23 Lucas diz: “Esse Jesus [foi] entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus”. A traição foi pecado, e envolveu a instrumentalidade de Satanás, mas era parte de um plano ordenado de Deus. Ou seja, há um sentido no qual Deus quis a entrega de seu Filho, apesar do ato ter sido um pecado.

Além disso, o desprezo de Herodes por Jesus (Lucas 23:11), a conveniência covarde de Pilatos (Lucas 23:24), o "Crucifica-o! Crucifica-o!" dos judeus (Lucas 23:21) e a zombaria dos soldados gentios "(Lucas 23:36), também foram atitudes e atos pecaminosos. No entanto, em Atos 4:27-28 Lucas expressa seu entendimento da soberania de Deus nestes atos por registrar a oração dos santos de Jerusalém:

sábado, 14 de agosto de 2010

John Piper: Existem Duas Vontades em Deus?

Parte 1 de 6


Meu objetivo aqui é mostrar a partir das Escrituras que a existência simultânea da vontade de Deus para "todas as pessoas serem salvas" (1 Tm. 2:4) e sua vontade de eleger incondicionalmente aqueles que realmente serão salvos não é um sinal de esquizofrenia divina ou confusão exegética. 

Um objetivo correspondente é demonstrar que a eleição incondicional, portanto, não contradiz bíblicas expressões da compaixão de Deus por todas as pessoas, e não anula a sincera oferta de salvação para todos aqueles que estão perdidos dentre todos os povos do mundo.

1 Timóteo 2:4, 2 Pedro 3:9 e Ezequiel 18:23 podem ser ser chamados de textos pilares dos arminianos com ralação a vontade salvífica universal de Deus. 

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

John Overall (1559-1619): Suficiente por Todos, Eficiente pelos Eleitos

Portanto, não deve ser dito, que aquilo que é tão claro por si mesmo [que Cristo morreu por todos] deva ser explicado a partir de uma concepção extravagante e rígida da Secreta Predestinação, mas nós, antes, interpretamos aquilo que é Secreto por algo que é claro em si;

Porque assim pode ser verdadeiramente coerente com aquilo que foi transmitido adequadamente suficiente das Escolas, que Cristo morreu por Todos suficientemente; para os eleitos e fiéis eficazmente. Eles não corromperam seu significado para a seguinte hipótese: "A Morte de Cristo teria sido suficiente por todos, se Deus e Cristo tivessem tal intenção".

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Paul Hartog: 12 Questões em Calvino sobre a Extensão da Expiação

Parte 4 de 4

 
9ª Questão: Os incrédulos desprezam a graça que é oferecida a eles?
 
Sim, afirma Calvino. Ele exclama: “Vejam os Turcos os quais lançam longe a graça que foi comprada por todo o mundo por Jesus Cristo. Os judeus fazem o mesmo. Os papistas, apesar de não falarem abertamente, demostram isso na prática. . . . E assim vemos atualmente, como os homens não estão participando desse benefício, o qual foi comprado a eles pelo nosso Senhor Jesus Cristo.”72  

Isso é porque aquele que rejeita a oferta universal do evangelho despreza a graça dos sofrimentos de Cristo: “Porque aqueles que rejeitam a graça oferecida Nele [Cristo] merecem encontrá-lo como juiz e vingador de tal indigno e chocante desprezo.” 73

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Paul Hartog: 12 Questões em Calvino sobre a Extensão da Expiação

Parte 3 de 4

7ª Questão: O fato da provisão de Cristo ser oferecida universalmente é importante para os próprios eleitos?

Sim, afirma Calvino. O Espírito Santo não "cria" fé no eleito de forma ex nihilo, como se fosse algum tipo de substância, material, objeto ou propriedade. A fé é uma segura confiança nas promessas de Deus centradas na pessoa e na obra de Cristo. O Espírito Santo aplica a obra de Cristo para os eleitos através da pregação das promessas do evangelho universal baseadas na provisão universal de Cristo.

"Porque não é suficiente que Jesus Cristo tenha sofrido em Sua pessoa e tenha feito um sacrifício por nós, mas nós devemos ter a certeza disso pelo Evangelho; devemos receber o testemunho e não duvidar que nós temos justiça Nele, sabendo que Ele fez satisfação pelos nossos pecados.”47  

A provisão fundamental de Cristo funciona como um importante e objetivo fundamento da fé dos crentes, dos eleitos. "Não teria havido nenhum benefício para nós por Cristo ter sido dado pelo Pai como o autor da salvação, se Ele não tivesse sido disponibilizado a todos sem distinção. . . Devemos saber que a salvação é abertamente exibida em Cristo para toda a raça humana, pois, com toda a realidade, Ele é chamado de filho de Noé e filho de Adão”.48

domingo, 8 de agosto de 2010

Paul Hartog: 12 Questões em Calvino sobre a Extensão da Expiação

Parte 2 de 4


5ª Questão: Isso significa que os eleitos são salvos pela obra de Cristo na cruz, mesmo antes de crerem?

Não, responde Calvino. Deus, através de Seu Espírito efetivamente aplica a obra de Cristo aos eleitos quando eles crêem, mas eles não são salvos até que venham a crer.23


Calvino insiste: "Não é suficiente considerar Cristo como tendo morrido para a salvação do mundo; cada homem deve clamar para si os efeitos e a posse dessa graça pessoalmente.”24

“Porque ela nada é se os frutos da redenção, que foram comprados para nós, não se mostrarem pela fé: de outro modo, se tornará uma coisa inútil, e nós certamente pereceremos.”25 “Pois é a fé que nos coloca na posse desta salvação: apesar de nós não acharmos isso senão na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, e nós precisamos ir até Sua pessoa. Mas se não tivermos essa chave da fé, Jesus Cristo deve ser (como foi) estranho para nós, e tudo o que Ele sofreu, não se aproveita para nós nem um pouco, como, aliás, não diz respeito a nós.”26

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Paul Hartog: 12 Questões em Calvino sobre a Extensão da Expiação

Parte 1 de 4


Eu gostaria agora de explicar o que eu percebo ser a complexa estrutura da teologia de Calvino através de uma série de doze questões e da forma como ele se dirigiu a elas em seus próprios escritos.

1ª Questão: Todos os indivíduos serão salvos no final?

Calvino responde com uma firme negativa. Ele rotulou a herética visão “universalista” como um “absurdo”:¹ 

“Eu passo sobre os sonhos dos fanáticos que fazem isto um motivo para estender a salvação a todos os reprobos e até mesmo para o próprio Satanás. Tal idéia monstruosa nem vale a pena refutar.”²

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A A Hodge (1823-1886): A Divina Permissão do Pecado

24.Que ensinam as Escrituras sobre a relação da providência com as ações pecaminosas dos homens?

As Escrituras ensinam:

1º. Que as ações más dos homens estão sob a direção eficaz de Deus no sentido de que elas só são praticadas com Sua permissão e segundo o Seu propósito – Gen 37:28, 45:5, 50:20. Confira 1 Sam 6:6. Ex 7:13, 14:17, Is 46:4, Atos 2:23, 3:18, 4:27, 28; 2 Tess 2:11.

2º. Susta e dirige eficazmente o pecado –Gen. 50:20;Sal. 76:10;Is.10:15.

3º. Domina-o para o bem _Gên.50:20; Atos 3:13.

4º. Deus não causa nem aprova o pecado. Tão somente o permite, o dirige, o restringe, o limita, o governa. O homem, agente livre, é a única responsável e culpada dos seus próprios pecados.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Dominic Bnonn Tennant: A Expiação Universal realmente salva alguém?

Expiação Universal -Parte 6 de 6


Objeção: A expiação universal falha em realmente realizar a redenção para alguém.


A última objeção com a qual vou interagir nesta série é aquela que tenta demonstrar que uma expiação universal é na verdade uma expiação impotente. Nas palavras de Scobie Smith, pessoas como eu

“Claramente não podem dizer que a satisfação de Cristo assegura a salvação de todos aqueles por quem ela feita [...] A expiação por si só não garante a salvação daqueles por quem ela foi feita [...] tudo que a satisfação pode fazer é possibilitar para Deus escolher quem salvar e, então, assegurar a salvação deles através de outros meios. Além disso, uma vez que não há nenhuma outra satisfação feita à Sua justiça, esses outros meios ( a graça irresistível, por exemplo) são simplesmente um exercício da vontade soberana de Deus, não um ato decorrente da justiça de Deus (como, por exemplo, para cumprir a obrigação decorrente da satisfação de Sua justiça)” ¹

Num primeiro momento, esta parece ser uma boa objeção. Ela certamente me deu uma pausa para reflexão. Mas ao refletir, ela começa a parecer um pouco confusa. Eu penso que há pelo menos três dificuldades óbvias com ela: