domingo, 7 de março de 2010

Charles Hodge(1797-1878): A Suficiência da Satisfação de Cristo - Como Classicamente Definida

A Suficiência da Satisfação de Cristo

Como Classicamente Definida

Charles Hodge



1) Em segundo lugar, a questão não se refere ao valor da satisfação de Cristo. O que os Agostinianos admitem ser infinito. Esse valor depende da dignidade do sacrifício, e como nenhum limite pode ser colocado na dignidade do Eterno Filho de Deus que ofereceu a Si Mesmo por nossos pecados, então nenhum limite pode ser atribuído ao meritório valor de sua obra.  

É uma grosseira deturpação da doutrina agostiniana dizer que eles ensinam que Cristo sofreu tanto para tantos e que ele teria sofrido mais se mais pessoas tivessem sido incluídas no propósito da salvação. Essa não é a doutrina de qualquer igreja sobre a terra, e nunca tem sido. O que foi suficiente para um foi suficiente para todos. Nada menos do que a luz e o calor do sol é suficiente para qualquer planta ou animal. Mas o que é absolutamente necessário para cada um é abundantemente suficiente para o infinito número de várias plantas e animais que enchem a terra. Tudo que Cristo fez e sofreu teria sido necessário tivesse somente uma única alma sido o objeto da redenção, e nada diferente e nada mais teria sido requerido se cada filho de Adão tivesse sido salvo por meio de seu sangue.

Em terceiro lugar, a questão não diz respeito ao que seria adequado pela expiação. Que foi apropriado por um foi apropriado por todos. A justiça de Cristo, o mérito de sua obediência e morte, é necessária para justificar cada individuo de nossa raça, e, portanto, é necessário para todos. Isso não é mais apropriado a um do que a outro. Cristo cumpriu as condições do pacto sobre o qual todos os homens estão colocados. Ele cumpriu a obediência requerida pela lei, e sofreu a penalidade que todos teriam que sofrer; e portanto, sua obra é igualmente adequada por todos. Charles. Hodge, Systematic Theology, 2:544-5.


AA Hodge (1823-1886): Graça Comum e Graça Eficaz

11. Qual é a comum doutrina da Igreja Reformada sobre o chamado interno?

Que o chamado interno é um exercício do divino poder sobre a alma, imediata, espiritual e sobrenatural, comunicando uma nova vida espiritual, e assim fazendo um novo modelo de atividade espiritual possível .

Que arrependimento, fé, confiança, amor, etc., são puramente e simplesmente atos próprios do pecador, mas como tais atos são possíveis somente na virtude da mudança forjada na condição moral de suas faculdades pelo poder recriativo de Deus. Ver “Conf. of Faith,” Chap. x., Sections 1 and 2.

A graça comum precedendo a regeneração faz um efeito moral superficial sobre o caráter e as ações mas é geralmente resistida. O ato da graça que regenera, operando com a energia espontânea da alma e mudando seu caráter não pode ser co-operada pelo pecador nem resistida

sábado, 6 de março de 2010

Edward Polhill (1622-1694): Falácia da Injustiça no Duplo Pagamento/Punição Dobrada

Objeção 4: Se Cristo morreu por todos os homens, então ele foi uma garantia para todos, e uma satisfação pelos pecados de todos, e conseqüentemente Deus teria uma dupla satisfação; uma em Cristo, a garantia, e outra nas pessoas dos condenados, o que é contra a natureza de Sua justiça.
Existem duas conseqüências nesse argumento para serem consideradas.

1. Se Cristo morreu por todos, então ele foi uma garantia para todos, e uma satisfação para os pecados de todos. 

2. Se Cristo, assim, satisfez os pecados de todos, então Deus teria uma dupla satisfação, o que é contra a justiça.

Quanto a primeira conseqüência, eu a admito como algo muito verdadeiro, que Cristo foi uma garantia para todos, e uma satisfação pelos pecados de todos. Porque se todos vierem a crer e se arrepender, os pecados de todos serão remitidos, e eles não poderiam ser remitidos sem uma garantia, e uma garantia obtém uma satisfação, sendo assim, Cristo foi tal garantia por todos eles.

Quanto a segunda conseqüência, se Cristo foi uma satisfação pelos pecados de todos, então Deus teria uma dupla satisfação, e isso é contra a justiça. Eu irei primeiro fazer algumas distinções, e então irei responder a essa objeção.

Dominic Bnonn Tennant: Os Fundamentos Objetivos da Fé

Expiação Universal - Parte 3 de 6



Anteriormente, eu conclui que a expiação particular torna impossível para qualquer pessoa – mesmo se ele é um eleito – confiar na promessa da salvação. Se você estava prestando atenção, deve ter notado que assim como ela torna uma sincera e universal chamada para o evangelho impossível, ela ainda tem uma mais séria e direta conseqüência, a saber, a impossibilidade da fé em Cristo. A fim de elaborar essa implicação, eu só realmente preciso definir o que é fé, uma vez que o argumento que eu fiz na parte 2 fez o resto do trabalho por mim.

Fé Definida


Hebreus nos diz que “fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de coisas que não se vêem” (11:1). Além disso, observa que fé tem o próprio Jesus como o seu autor e consumador (12:2) - em outras palavras, ele é o modelo da fé cristã.

Eu argumentei no passado que sua segurança e convicção, que estabelece a referência para a nossa própria, sendo fundamentada em sua perfeita comunhão com a divindade, foi sem mesmo um vislumbre de incerteza, dúvida, ou incredulidade. Portanto, segue-se necessariamente que fé, pelo menos em sua forma de paradigma, é uma justificada e autêntica crença.¹

sexta-feira, 5 de março de 2010

R. L. Dabney (1820-1898): Redenção Particular

Cristo morreu somente pelos eleitos, ou por todos os homens?

A resposta tem sido muito prejudicada por termos ambíguos, tais como “expiação particular”, “expiação limitada”, ou “expiação geral”, “expiação ilimitada”, “expiação indefinida”. O que eles querem dizer por expiação(nota do tradutor: no original “atonement”)?

A palavra (at-one-ment) é usada apenas uma vez no Novo Testamento (Romanos 5:11), e lá significa expressamente e exatamente reconciliação. Isso é provado assim: a mesma palavra grega no verso seguinte, carregando o mesmo significado, é traduzida por reconciliação.

Agora, as pessoas continuamente misturam duas idéias quando falam de expiação: Uma é aquela da expiação pela culpa providenciada no sacrifício de Cristo. A outra é a individual reconciliação de um crente com seu Deus, fundamentada no sacrifício feito por Cristo de uma vez por todas, mas realmente efetivada somente quando o pecador crê e por meio da fé.


quarta-feira, 3 de março de 2010

J. C. Ryle (1816-1900): Notas sobre João 1:29

[do mundo] É quase desnecessário dizer que há duas visões dessa expressão.

Alguns dizem que ela somente significa que Cristo tira o pecado dos gentios assim como dos judeus, e que ela não significa o pecado de todos, mas dos eleitos.

Outros dizem que ela realmente significa que Cristo “tira” o pecado de toda humanidade, isto é, que Ele fez uma expiação suficiente para todos, e que todos são salváveis, mas nem todos são salvos, em conseqüência de Sua morte.

Eu decididamente prefiro a última dessas duas visões. Eu defendo tão fortemente quanto qualquer um, que a morte de Cristo é aproveitável para ninguém, a não ser os eleitos que crêem em Seu nome. Mas eu não me atrevo a limitar e reduzir tal expressão como essa diante de nós.

Eu não me atrevo a dizer que nenhuma expiação tem sido feita, em nenhum sentido, exceto para os eleitos. Eu creio que é possível ser mais sistemático do que a Bíblia em nossas declarações. Quando eu leio que os ímpios que estão perdidos “negaram o Senhor que os comprou” (2 Pedro 2:1), e que “Deus Deus em Cristo estava reconciliando o mundo consigo” (2 Cor 5:19), eu não me atrevo a confinar a intenção da redenção aos santos somente. Cristo é para cada homem.

terça-feira, 2 de março de 2010

Charles Hodge (1797-1878): Falácia da Injustiça no Duplo Pagamento / Punição Dobrada

Há ainda outra base na qual é argumentado que os agostinianos não podem consistentemente pregar o evangelho para cada criatura. Agostinianos ensinam, é argumentado, que a obra de Cristo é a satisfação da divina justiça.

Disso se segue que a justiça não pode condenar aqueles por quem os pecados tem sido satisfeitos. Ela não pode demandar uma satisfação dupla, primeiro do substituto e então do próprio pecador. Isso seria manifestamente injusto, muito pior que não demandar punição.

Disso é inferido que se a satisfação ou a justiça de Cristo, é o fundamento no qual um pecador pode ser perdoado, é o fundamento no qual ele deve ser perdoado. Se a expiação é limita em desígnio deve ser limitada em natureza, e se limitada em natureza deve ser limitada na oferta.

Essa objeção surge novamente de confundir a satisfação pecuniária e a satisfação penal entre as quais os agostinianos são muito cuidadosos em discriminar.

Dominic Bnonn Tennant: O Fundamento do Chamado Universal do Evangelho

Expiação Universal - Parte 2 de 6


É uma verdade universalmente reconhecida que os pecadores debaixo da ira de Deus estão em necessidade do evangelho. Veja, por exemplo, Romanos 1:16. Essa é a mesma razão porque é chamado de “gospel” – uma “god spel”, velho inglês para “boas novas”, como tradução para o grego euaggelion.

Essas são “as boas novas sobre Jesus”, a saber, paz com Deus, uma vez que “todo que nele crê recebe perdão de pecados por meio de seu nome” se eles se “arrependerem e voltarem para Deus” (Atos 8:35, 10:36, 26:20).

Como a ESV Study Bible coloca, em seu comentário de 2 Corintios 5:18-20 “Ser reconciliado com Deus é um sumário da mensagem do evangelho que Paulo proclamava aos incrédulos; é um chamado para receber a reconciliação que Deus tem forjado (Romanos 5:11)”. Em resumo, o evangelho é a promessa de reconciliação dos pecadores por meio da fé em Cristo.

Isso é certamente prima facie boas novas para cada pecador a quem o evangelho é proclamado. E nós sabemos que ele é para ser proclamado para todos os pecadores. O evangelho é, de fato, proclamado como um convite para todos – apesar de ser ele um convite que coloca o convidado debaixo da obrigação de responder favoravelmente, como ilustrado na parábola da festa das bodas. É assim um chamado universal, apesar de poucos serem escolhidos para crer nele (Mateus 22:14).