quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Neil Chambers: John Owen e I João 2:2

A preocupação de Owen é mais uma vez demonstrar que o "mundo" não pode significar aqui "todo e qualquer no mundo", mas, ao invés, que deve ser entendido como "homens vivendo por todo o mundo, em todas suas partes e regiões", referindo-se especificamente ao crentes ou os eleitos em todo o mundo. [67] Há muito em jogo para ele neste versículo, pois este claramente relaciona a morte de Jesus ao “mundo”, e a falha em estabelecer seu sentido e referência aqui desafiaria diretamente sua compreensão da exclusividade da expiação. Também levantaria a questão se a Bíblia usa uma linguagem diferente de Owen, e pode falar da morte de Jesus com um referente indefinido e uma potencialidade de benefício.

Owen isola quatro características do versículo que têm influência sobre a sua correta interpretação. O intérprete deve chegar a algum entendimento da identidade dos destinatários originais das epístolas, depois, verificar o propósito do apóstolo neste ponto, e, finalmente, determinar o significado das duas expressões "(1) Cristo ser uma 'propiciação' e (2) 'o mundo todo'.” [68]

Na opinião de Owen, apesar dos destinatários não serem explicitamente identificados, é "mais do que provável" que eles sejam judeus crentes, porque

(i) João é dito ter sido especialmente um apóstolo aos judeus;

(ii) os crentes a quem escreve são ditos ter "recebidos a palavra desde o princípio", o que só pode indicar que eles são judeus,

(iii) a oposição que o apóstolo faz entre nós e o mundo, neste mesmo lugar é suficiente para manifestar a quem ele escreveu: "porque o apóstolo, sendo um crente judeu se associaria com os crentes judeus”

(iv) Como a maioria dos falsos mestres na igreja primitiva eram de origem judaica as advertências freqüentes contra os falsos mestres na epístola indicam que ela é escrita para o grupo com maior probabilidade de ser tomado por eles, crentes judeus. [69] Esta compreensão dos destinatários da carta permite a Owen interpretar 1 João 2:1-2 contra o contexto de oposição judeus-gentios

“de modo que não temos aqui uma oposição entre a salvação eficaz de todos os crentes e a redenção ineficaz de todos os outros, mas uma extensão da mesma redenção eficaz que pertencia aos crentes judeus para todos os outros crentes, ou filhos de Deus, em todo o mundo”.[70]

Esses argumentos não são particularmente convincentes.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ambrósio (337?-397): A Fonte de Uma Idéia

Cristo Sofreu pela Igreja

1) 47. Mas ele não estava tão ansioso assim para deixar de lado a cautela. Ele chamou o bispo, e estimando que não houvesse verdadeira gratidão a não ser aquela que brota da fé verdadeira, ele perguntou se ele concordava com os bispos católicos, isto é, com a Igreja Romana. E, possivelmente, naquele lugar a Igreja do distrito estava em cisma. Porque naquele tempo Lúcifer tinha retirado a nossa comunhão, e embora tivesse sido exilado pela fé, e tivesse deixado herdeiros de sua própria fé, ainda assim meu irmão não achava que poderia haver verdadeira fé em cisma. Pois, embora os cismáticos guardassem a fé em Deus, ainda assim não guardavam a Igreja de Deus e alguns daqueles membros sofreram como se estivessem sendo divididos e suas partes rasgadas. Porque, uma vez que Cristo sofreu pela Igreja, e a Igreja é o corpo de Cristo, não parece que a fé em Cristo é demonstrada por aqueles por quem sua paixão é feita de nenhum efeito, e que dividem Seu corpo. Ambrose, “Select Works and Letters,” The Nicene and Post-Nicene Fathers, 10:168-169.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Richard Muller: Universalismo Hipotético¹

O texto a seguir é uma revisão por Richard Muller do livro “English Hypothetical Universalism: John Preston and the Softening of Reformed Theology” de Jonathan Moore.

Muller:

Este volume oferece uma exposição detalhada e bem argumentada da visão da redenção expressa por John Preston, tanto em seus vários escritos quanto em seus depoimentos na Conferência York em 1626. Onde Moore claramente avança na discussão tanto da Conferência York em si quanto da teologia britânica do século XVII é em sua clara identificação do ensino de Preston, juntamente com o de vários contemporâneos mais importantes (notadamente John Davenant e James Ussher), como uma forma de universalismo hipotético, ou seja, a doutrina de que Cristo morreu pelos pecados da raça humana de forma que, se todos cressem, todos seriam salvos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

John Davenant (1572-1641): O Perigo de “Ordenar” os Decretos de Deus

Até agora nós temos tratado da morte de Cristo a considerando em relação a toda raça humana, no universal circuito de seu poder vivificador para ser trazido a efeito sob a condição de fé, assim para todo homem.

Porque embora pela falta dessa condição, a morte de Cristo não manifeste essa virtude salvadora na maior parte dos homens, ainda assim não deve ser negado, nem posto em dúvida, que as Escrituras, por toda a parte, claramente testificam que Deus teve em Si as mais justas e sábias razões de Seu conselho, para que ao determinar que a morte de Seu filho seria aplicável para todo homem sob a condição da fé, no entanto não determinar efetivar ou fazer com que ela fosse aplicada para todos pela dádiva da fé.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Alan Myatt, Franklin Ferreira: As Três Vontades de Deus

Na aplicação da vontade de Deus, a Bíblia faz três distinções. 

A vontade decretativa refere-se à vontade secreta de Deus pela qual Ele predestinou todas as coisas. Este aspecto dá ênfase ao fato de que Deus é a causa ulterior de tudo.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Comentário Mattew Henry: 2 Pedro 2:1

"E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição".
 
No final do capítulo anterior, faz-se menção aos homens santos de Deus, que viveram na época do Antigo Testamento e foram usados como os instrumentos do Espírito Santo, ao escreverem os oráculos sagrados; mas no início deste capítulo, ele nos conta que existiram, mesmo naquela época, falsos profetas na igreja junto aos verdadeiros. Em todas as épocas da igreja, e em todas as dispensações, quando Deus envia os verdadeiros profetas, o diabo manda alguns para seduzir e enganar, os falsos profetas no Antigo Testamento, e os falsos cristos, falsos apóstolos e mestres enganadores no Novo. Acerca desses, observe:

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A Doutrina da Predestinação Que Foi Rejeitada em Dort

Dort:

E esta é a declaração, perspicaz, simples e sincera da doutrina ortodoxa com respeito aos cinco artigos que têm sido controversos nas Igrejas Belga, e a rejeição dos erros, com os quais eles tem sido por algum tempo perturbados. O Sínodo julga que esta doutrina como traçada a partir da Palavra de Deus, e em concordância com as confissões das Igrejas Reformadas. De onde é evidente que alguns, cuja conduta de forma inapropriada, tem violado toda a verdade, eqüidade e caridade, pretendendo persuadir o público:

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Zacarias Ursino (1534-1583): As Causas do Pecado - Divina Permissão do Pecado

H. Quais foram as causas do primeiro pecado?

O primeiro pecado do homem teve a sua origem, não em Deus, mas ocorreu pela instigação do diabo, e pelo livre arbítrio do homem. O diabo tentou o homem para que este se afastasse de Deus; e o homem, cedendo a essa tentação, por vontade própria, se separou de Deus. E embora Deus tenha deixado o homem por si mesmo nesta tentação, ainda assim Ele não é a causa da queda, do pecado, ou da destruição do homem; porque, nessa deserção, ele nem concebeu, nem realizou qualquer uma dessas coisas. Ele meramente colocou o homem em prova, para demonstrar que ele é totalmente incapaz de fazer, ou manter alguma coisa que seja boa, se não for preservado e controlado pelo Espírito Santo; e com isso (sua prova), Deus, em seu julgamento justo, permitiu que o pecado do homem viesse a ocorrer.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Mattew Henry (1662-1714): A Redenção Universal da Humanidade

Questão 21. Quem é o Redentor dos eleitos de Deus?


A. O único Redentor dos eleitos de Deus é o Senhor Jesus Cristo, que sendo o Filho eterno de Deus, tornou-se homem, e assim foi e continua a ser, Deus e homem, em duas naturezas distintas, e uma pessoa, para sempre.

1. A humanidade precisa de um Redentor?

Sim, porque pelas nossas iniqüidades nós vendemos a nós mesmos, Is 50:1.


Os eleitos precisam de um Redentor?

Sim, porque nós mesmos também fomos algumas vezes desobedientes, Tit. 3:3.


Teria havido um Redentor, se Adão não tivesse pecado?

Não, porque não haveria necessidade de um médico, Mat. 9:12.


Um anjo poderia ter sido nosso Redentor?

Não, porque aos seus anjos atribui loucura, Jó 4:18.


2. Jesus Cristo é o Redentor? 

Sim, só há um só mediador entre Deus e o homem, o homem Cristo, Jesus, 1 Tm 2:5. 


Ele é o único Redentor? 

Sim, porque não há outro nome debaixo do céu dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos, Atos 4:12. 


Ele é um Redentor universal?