quinta-feira, 31 de março de 2011

Felipe Sabino (monergismo.com): Sobre a Expiação Limitada e Ilimitada de Mark Driscoll

Embora eu discorde de Driscoll, e creia que o calvinismo de cinco pontos é suficientemente bíblico, não acredito de forma alguma que aquilo que ele apresenta aqui seja heresia ou o desqualifique como sendo calvinista.

Trata-se de uma diferença irrisória. Infelizmente, ataques contra o calvinismo de Driscoll são frequentes na internet, geralmente envolvendo a posição dele sobre a expiação de Cristo, a qual é chamada de herética.

Aqueles calvinistas que aceitam a chamada graça comum e a livre oferta do Evangelho têm menos motivo ainda de reclamar, pois o que Driscoll defende aqui é muito próximo do que eles pregam: “Deus ama o mundo todo, até mesmo os réprobos”, “Deus deseja a salvação de todos, inclusive dos réprobos”, etc.

A despeito das invectivas contra Driscoll, eis aqui o que alguns teólogos respeitáveis disseram a respeito do livro do qual este texto traduzido foi extraído:

Mark Driscoll: Expiação Limitada e Ilimitada (2)


A pergunta, por quem Jesus morreu?, tem gerado umas das respostas mais calorosas e variadas na história da Igreja. Para ajudar você a entender as diferentes respostas a essa pergunta, oferecemos o quadro abaixo (disponível no arquivo PDF, cujo link encontra-se mais abaixo).



As duas primeiras respostas (universalismo e pelagianismo) são antibíblicas e, portanto, inaceitáveis. O universalismo contradiz erroneamente o claro ensino da Escritura sobre a pecaminosidade humana e o inferno. Pelágio negava a pecaminosidade humana e ensinava que as pessoas começam sua vida sendo moralmente boas (como Adão), e por meio da decisão de sua própria vontade podem viver uma vida santa, o que então obrigaria Deus a levá-las ao céu após a morte. Pelágio foi condenado como herege no Concílio de Cartago em 418 d.C.

Restam-nos três opções com respeito à questão por quem Jesus morreu. Todas as três posições estão dentro dos limites da ortodoxia evangélica.

Primeiro, alguns cristãos creem que Jesus morreu pelos pecados de todas as pessoas. Essa posição é comumente chamada de arminianismo (por causa de Tiago Armínio), wesleyanismo (por causa de John Wesley) ou expiação ilimitada. Os arminianos apelam àquelas passagens da Escritura que falam de Jesus morrendo por todas as pessoas, por todo o mundo, por todos, e não desejando que ninguém pereça. Os arminianos então ensinam que para ser salva, a pessoa deve fazer a decisão de aceitar a morte expiatória de Jesus e tornar-se um seguidor de Jesus. Além do mais, é dito que qualquer um pode fazer essa escolha pelo livre-arbítrio inerente (armianianos) ou pela graça capacitadora universal de Deus, chamada de graça primeira ou preveniente (wesleyanos). Subsequentemente, a eleição é entendida como Deus escolhendo aqueles que ele previu que o escolheriam, e visto que as pessoas escolhem serem salvas, elas podem perder a sua salvação também.

Norman Douty: Cristo Morreu Somente Pelos Eleitos? (Livro)

Prólogo


O autor de A Morte de Cristo, em que ele trata a questão, “Cristo morreu apenas pelos Eleitos?,” responde com um sonoro, “Não!” Ele argumenta talentosa, lógica e biblicamente que Cristo morreu por todos os homens. A Bíblia não, ele mantém, ensina a Expiação Limitada. Anteriormente, ele esteve inclinado a observar esta doutrina como um tanto inócua. Entretanto, sua abrangente investigação o tem levado a olhar para ela como injuriosa. Mas ele não é nenhum universalista ou modernista. Ele é bíblico, evangélico, e moderadamente calvinista.

O sr. Douty acredita na predestinação e eleição. Deus elegeu eternamente à salvação aqueles que são salvos, mas passou de lado do resto dos homens. Os não-eleitos estão perdidos, entretanto, não por falha de Deus, mas por sua própria má vontade de se arrepender e crer. Cristo morreu pelos perdidos assim como pelos salvos. Esta posição encoraja o evangelismo e as missões.

Os leitores irão gostar do espírito pacífico, os abundantes argumentos, a exegese de muitas passagens bíblicas, e as numerosas citações de teólogos renomados. Estou feliz por recomendar de todo o coração este livro muito bem escrito.

quinta-feira, 3 de março de 2011

David Ponter: João Calvino e a Expiação Universal

Notas Explicativas:

1)A primeira coisa que precisa ser dita é que o leitor deve se esforçar para ler tudo destas citações antes fazer um julgamento sobre qualquer texto citado. Muitas vezes os leitores de Calvino correm apressados para generalizações. Isso se deve ao seu zelo ao ler Calvino à luz do que ele deveria pensar, deveria ter dito e deveria ter ensinado. Muitas pessoas lêem Calvino à luz das categoria teológicas do final do século 17.

Porque, hermeneuticamente, muitos dos estudantes de Calvino erram ao ler este à luz da mais recente e tardia trajetória teológica, e não como a conclusão de uma trajetória anterior, antiga e clássica . Nós não fazemos isso com relação a Zwingli, Bullinger, Musculus, Gualther, Luther, Vermigli, mas muitos são arbitrariamente insistentes em fazer exatamente isso com Calvino. Eu argumento que Calvino se posicionou na conclusão da Síntese-Medieval com a clássica soteriologia Agostinho-Prosper. Ele não foi o precursor de uma nova trajetória soteriológica como muitos afirmam.

quarta-feira, 2 de março de 2011

A A Hodge (1823-1886): A Distinção entre Habilidade Moral e Natural

Incapacidade


4. Como se pode expor a doutrina ortodoxa tanto negativa como positivamente?


A doutrina ortodoxa não ensina -



1º. Que o homem tenha perdido na Queda qualquer de suas faculdades constitutivas necessárias para fazer dele um agente moral e responsável. Essas faculdades são

(a) a razão,
(b)a consciência,
(c)a livre vontade (o livre-arbítrio).


Essas todas o homem possui e tem em exercício. Ele tem o poder de conhecer a verdade; reconhece e sente as distinções e as obrigações morais; seus afetos, tendências e hábitos de ação são espontâneos; em todas as suas volições ele prefere, escolhe e rejeita livremente o que lhe apraz e como lhe apraz. Portanto é responsável.