domingo, 17 de outubro de 2010

W.G.T. Shedd (1820–1894): A Falácia da Injustiça no Duplo Pagamento/Punição Dobrada



1) É objetado que é injusta a exata penalização pessoal de todos os indivíduos da raça humana, se uma penalidade vicária de valor igual ao devido por toda a raça tenha sido pago à justiça. A injustiça alegada nesta objeção pode significar injustiça para com o indivíduo incrédulo que é pessoalmente punido ou pode significar injustiça em relação ao que a lei divina tem o direito por causa do pecado do homem. Um exame da questão mostrará que não se comente injustiça em qualquer aspecto.


(A) Quando um indivíduo incrédulo é pessoalmente punido por seus próprios pecados, ele recebe o que merece, e não há nenhuma injustiça nisso.

O fato de ter sido feita uma expiação vicária, a qual é suficiente para expiar os seus pecados, não impede a justiça de puni-lo pessoalmente por eles, a não ser se for demonstrado que ele é o autor da expiação vicária. Se assim fosse, então, de fato poderia se queixar da satisfação pessoal que é exigida dele. Neste caso, uma e a mesma parte faria duas satisfações por um e o mesmo pecado, sendo uma satisfação vicária e a outra pessoal. Portanto, quando um indivíduo incrédulo sofre pelo seu próprio pecado, recebe a devida recompensa de seus atos (Lucas 23:24). Tendo em vista que ele não fez a expiação vicária "pelos pecados do mundo todo" e que, portanto, não tem mais direito ou faz jus a ela, ou a qualquer de seus benefícios, do que um habitante de Saturno, não pode pedir isenção da penalidade pessoal sobre o fundamento dela. Shedd, Dogmatic Theology, 2:443.

2) A outra injustiça alegada na objeção, refere-se à lei divina e ao governo. É argumentado que, quando o incrédulo é pessoalmente punido, depois de ter sido feita uma vicária satisfação infinita pelo pecado humano, a justiça, neste caso, fica com mais do que lhe é devido. E isso seria tão injusto quanto obter menos. Essa é uma objeção matemática e deve receber uma resposta matemática. O alegado excesso, no caso, é como a adição de um número finito ao infinito, o que não o aumenta. O sofrimento eterno de toda a humanidade adicionado de somente mais uma parte dela é um sofrimento finito. Nem o sofrimento nem a duração é matematicamente infinita, pois, apesar de não terminar, o período tem um começo. Mas o sofrimento do homem-Deus é matematicamente infinito, porque a sua pessoa é absolutamente infinita. Quando, portanto, qualquer quantidade de sofrimento humano finito é adicionado ao sofrimento infinito do Deus-homem, não há aumento de valor. A justiça, matematicamente, não recebe mais em penalidade quando o sofrimento dos homens perdidos é adicionado ao de Jesus Cristo, do que receberia sem essa adição. A lei é mais engrandecida e honrada com o sofrimento do Deus encarnado, do que seria pelo sofrimento de todos os homens individualmente, porque a sua demanda de uma estrita satisfação infinita por um mau estritamente infinito é mais completamente preenchida. Nesse sentido, "Onde abundou o pecado, superabundou a graça" Romanos 5:20. Shedd, Dogmatic Theology, 2:444.

Fonte:   http://calvinandcalvinism.com/?p=152