sábado, 30 de outubro de 2010

Steven Wedgeworth: Sobre Dort Novamente

Eu gostaria de oferecer algumas observações sobre Dort que podem nos fazer questionar certas interpretações do calvinismo popular. Algumas delas podem parecer auto-evidentes, mas na minha própria experiência pessoal, eu os achei esclarecedores, se não surpreendentes.


1) Os Cânones de Dort realmente não nos deram "cinco pontos". Os remonstrantes escreveram 5 pontos, e o trabalho de Dort foi responder a esses pontos. Dort combina os pontos 3 e 4 em uma categoria e, portanto, quando se lê os Cânones, ele apenas abrange quatro seções. Além disso, S. Vandergugten afirma que a ênfase mais importante dos Cânones eram os artigos individuais, os quais eram 93. Vandergrugten escreve:


“As cadeiras e as mesas dos arminianos foram deixadas de lado. O Sínodo agora começou a examinar as suas opiniões a partir dos escritos disponíveis, concentrando-se sobre os cinco artigos do Remonstrance de 1610. A leitura dos diversos julgamentos das dezoito comissões relativas a estes cinco artigos ocorreram em 7 de março a 21 março e de 25 março a 16 abril. Os Cânones foram formulados em 93 artigos separados. Esses foram assinados por todos os delegados em 23 de abril de 1619, e solenemente promulgados na Great Church em 06 de maio diante de uma grande congregação.”

E assim quando alguém lê Dort, ele realmente não deveria procurar pelos famosos "5 pontos." A invés, deveria fazer uma leitura cuidadosa dos artigos individuais, que usam termos com muito cuidado.

2) Os Cânones de Dort não seguem a ordem da TULIP. Na verdade, a sigla TULIP só funciona para palavras em inglês! Ela se tornou uma popular ferramenta de catequese na América do Norte, mas disso não deve ser permitida a distorção de nossa compreensão histórica. De fato, tenho sido incapaz de encontrar um uso da TULIP antes de Loraine Boettner.

Os Cânones de Dort são colocados na seguinte ordem:

1) Divina Eleição e Reprovação
2) A morte de Cristo e a Redenção do Homem por meio dela,
3 e 4) A Corrupção do Homem, a sua Conversão a Deus e o Modo Dela, e
5) Perseverança dos santos.

3) Dort ensina que a reprovação é devido à decisão de Deus de "deixá-los na miséria comum em que, por sua própria culpa, eles se lançaram, não lhes concedendo a fé salvadora e a graça da conversão; mas, finalmente, os condena e os pune eternamente (tendo sido deixados em seus próprios caminhos e sobre seu justo juízo), não só por sua incredulidade, mas também por todos os seus outros pecados, a fim de mostrar sua justiça." Em outras palavras, a reprovação é uma decisão de NÃO fazer alguma coisa. A condenação se deve a culpa pessoal.

4) - Dort não usa a linguagem de Cristo simplesmente morrendo "por" um grupo, mas não "por" outro. Em vez disso, trata a Sua morte como sendo "o único e completo sacrifício e satisfação pelos pecados; ela é de valor infinito e mais do que suficiente para expiar pelos pecados do mundo todo". Ele apresenta a limitação no soberano, secreto e eterno decreto de dar a fé aos eleitos: "Porque foi o completamente livre plano e mui graciosa vontade e intenção de Deus o Pai que a eficácia vivificante e salvífica da preciosíssima morte de Seu Filho trabalhasse por si em todos os seus escolhidos, a fim de que Ele possa conceder somente a eles a fé que justifica e, assim, levá-los infalivelmente à salvação. "

A fé é um instrumento receptivo. Ela leva você em outro lugar. Assim, a decisão de Deus para conceder a fé justificadora ao eleito é o veículo pelo qual Ele os leva ao sacrifício de Cristo. Esse sacrifício é então aplicado, e os benefícios de se tornam eficientes

Esse tipo de explicação é importante, pois não limita o valor ou mérito do próprio Cristo. Ele sendo divino, seu mérito foi necessariamente infinito.

Também não faz da fé o fundamento do perdão. Se assim fosse, estaríamos de volta em uma forma de semi-pelagianismo. A fé é algo que usamos para nos levar a Cristo.

Predestinação não é determinismo ou fatalismo também. Porém, mesmo que possa ser misteriosa, nós devemos confessar que existe uma genuína responsabilidade humana e o uso dela tem plena integridade. Nós temos a expiação aplicada na história, através dos meios prescritos por Deus. [...]

E, finalmente, essa compreensão da expiação é necessária para preservar a livre oferta do evangelho e os legítimos fundamentos para dizer aos incrédulos que é a sua falta de fé que está em falta, e não Deus. É pastoralmente essencial. Devemos estar dispostos a dizer a todos os homens que Deus deseja sua salvação, segundo a Sua vontade revelada, e devemos estar dispostos a chorar por aqueles que rejeitam o evangelho. "O que mais eu poderia ter feito pela minha vinha?", Diz o Senhor.

Fonte: http://wedgewords.wordpress.com/2007/11/02/on-dort-again/
Tradutor:  Emerson Campos Pinheiro.