domingo, 24 de outubro de 2010

Os Cânones de Dort: A Delegação de Bremen e a Morte de Cristo – Matthias Martinius


“Há em Deus um certo amor comum ao homem com o qual Ele considerou toda a raça humana caída, e seriamente quis a salvação de todos. O exercício desse amor ao homem aparece no chamado externo para os eleitos e réprobos sem distinção. Nesse chamado distinguem-se essas coisas: a narrativa histórica a respeito de Cristo, o mandamento de crer, a proibição da incredulidade, a promessa da vida eterna feita aos crentes, a ameaça da condenação aos incrédulos. E se alguém não crê, por causa desse chamado é condenado, e expressamente por essa razão: porque não crê no nome do unigênito Filho de Deus. (João 3: 18.)”



“Mas isso em si não é intentado por Deus, mas decorre por acidente por meio da culpa do homem. Além disso, esse chamado externo necessariamente requer ser antecedido por essas coisas: a promessa e a missão do Filho (anteriormente futuro, agora passado), e da redenção, isto é, o pagamento de um preço para expiar pelos pecados, e Deus ser tão aplacado que não venha a requer nenhum outro sacrifício pelos pecados de qualquer homem, contente com aquele que é o único mais perfeito, e pela reconciliação dos homens não haja necessidade de qualquer outra satisfação, nem qualquer outro mérito por eles, desde que (como deve ser com remédios) haja uma aplicação desse comum e salutar medicamento.”

“Se essa redenção não fosse pretendida ser uma comum bênção concedida a todos os homens, a indiscriminada pregação do evangelho, que comprometeu os apóstolos realizá-la entre todas as nações, não teria nenhum fundamento na verdade. Mas, uma vez que nós abominamos essa declaração, deve ser verificado como as afirmações, daqueles que de forma não qualificada negam que Cristo morreu por todos, concordam com os mais conhecidos e lúcidos princípios. Nem bastaria afirmar uma suficiência da redenção que poderia ser suficiente. Porque ela é completamente suficiente, e Deus e Cristo a têm considerado suficiente. De outro modo o mandamento do evangelho e a promessa são destruídos.”

“Porque, como pode, de um benefício, certamente suficiente, mas que não é designado com uma sincera intenção para mim, ser deduzida a necessidade de crer que isso diz respeito a mim? Como então nós devemos chamar essa redenção? Essa redenção é no novo mundo o que a criação é no antigo, a saber, assim como a criação do homem não é a imagem de Deus, mas é a base sem a qual a imagem de Deus não poderia ter lugar nele, assim também a redenção não é parte da imagem de Deus, mas é aquela na qual é fundamentado todo o exercício dos oficios proféticos e reais de Cristo, e sua intercessão sacerdotal. Mas é preciso tomar cuidado para não levar esta comparação para muito longe.”

“Essa redenção é o pagamento do preço devido por nós cativos, não que nós, em todo caso, tenhamos saido do cativeiro, mas que nós devemos ser capazes e somos obrigados a sair dele, e, de fato, nós sairemos se crermos no Redentor, reconhecermos seu beneficio, e nos tornamos completamente membros Dele, sendo este a Cabeça. E, portanto, qualquer que seja o homem nós a ele somos os mensageiros e proclamadores dessa graça salutar (que salva, no entanto, somente os crentes), do próprio oficio da piedade e da caridade”.

“O Senhor mereceu graça por todos os homens, mas não por todos os homens aquela graça sobre a qual depende a eleição particular. O que é então? É aquilo que é prometido sobre a condição da fé.Pois certamente a todos os homens é prometida a remissão dos pecados e a vida eterna se eles vierem a crer. Aqui, portanto, parece que uma condicional remissão de pecados e salvação diz respeito a todos, mas não é uma promessa que dá força e estimula as ações pelas quais essa condição é satisfeita. Porque os homens são obrigados a realizar essas coisas pelo poder de uma ordem divina para realizá-las, e os que não são capazes de fazer isso, não são capazes por sua própria culpa.”

“Cristo mereceu o favor de Deus por todos, para ser realmente obtido se eles vierem a crer. Esse seu favor, Deus declara em comum na palavra do evangelho”.

“Cristo morreu por todos no que diz respeito ao mérito e à suficiência do resgate, somente pelos crentes no que diz respeito à aplicação e à eficácia. Em apoio do qual muitos testemunhos dos Pais e escolásticos, e mais recentes doutores da Igreja, podem ser citados quando houver necessidade".

"Aquele que despreza a oferta de Cristo feita na cruz perde todo o direito que poderia ter nela, e assim, agrava a condenação para si mesmo - e o evangelho, que é em si um cheiro de vida para a vida, torna-se para os incrédulos um cheiro de morte para morte, por acidente, por meio de sua própria culpa"

Entre as. proposições que Martinius pronuncia falsas estão as seguintes:

"Cristo morreu em nenhum sentido pelos que perecem,"

e

"O decreto da eleição particular ou reprovação de certas pessoas não pode subsistir com a universalidade da morte de Cristo." *

* Atos Sínodo da II Parte. p. 133-139

Edward D. Griffin, An Humble Attempt to Reconcile the Differences of Christians Respecting the Extent of the Atonement, (New York, Printed by Stephen Dodge, 1819), 362-367.

Fonte: http://calvinandcalvinism.com/?p=150
Tradutor:  Emerson Campos Pinheiro.