Obviamente, isto não significa que Cristo dessa forma removeu o pecado, quando Ele morreu como o Cordeiro sacrificado, que aqueles por quem Ele sofreu, não tinham, conseqüentemente, nenhum pecado a ser perdoado. Somente significa que Ele, por Sua morte, sofreu a punição devida a eles por causa de sua culpa. A fim deles efetuarem o benefício dela, eles precisam reconhecer e abandonar seus pecados, e confiar em Cristo crucificado como seu Redentor. Isto expõe a falácia disfarçada na frase “A Cruz Salva.”
Homens como Owen e Pink restringem o termo “mundo” neste texto de modo que ele abrange somente os eleitos. Eles falam do “mundo dos eleitos,” que é uma expressão esquisita, visto que nunca lemos de Deus elegendo “o mundo,” mas somente de Sua escolha de algumas pessoas dele. É completamente verdadeiro que o termo, quando usado dos homens, nem sempre significa todos; mas é inegável que ele usualmente significa isso ou “a humanidade contemplada como em uma condição não regenerada.”[11] De fato, parece que Cristo regularmente usou-o nestes sentidos (p. ex., Mt 5.14; 13.38; 18.7; Mc 14.9; Jo 7.7; 8.12, 26; 9.5; 12.31, 47; 13.1; 14.17, 27, 30; 15.18-19; 16.8, 11, 20, 28, 33; 17.6, 9, 14, 16, 25).
Será observado que a maioria das referências precedentes pertencem ao quarto Evangelho. Westcott diz:
“A idéia fundamental de kosmos em São João é a da soma do ser criado que é parte da esfera da vida humana como um todo ordenado, considerado à parte de Deus.... É fácil ver como o pensamento de um todo ordenado, relativo ao homem e considerado à parte de Deus passa para aquele do todo ordenado separado de Deus. O homem caído imprime seu caráter sobre a ordem que é a esfera de sua atividade. E dessa forma o mundo vem a representar a humanidade em seu estado caído, alienado de seu Criador, e até então determinando o caráter da ordem toda da que o homem faz parte. O mundo ao invés de permanecer a verdadeira expressão da vontade de Deus sob as condições de sua criação, torna Seu rival.... Desta análise do uso de São João do termo será visto quão naturalmente a concepção de uma ordem à parte de Deus passa para a de uma ordem oposta a Deus: como um sistema que é limitado e passageiro torna-se hostil ao divino.”[12]
O comentário de Calvino sobre Jo 1.29 é:
“Ele usa a palavra pecado no singular para qualquer espécie de iniqüidade; como se ele tivesse dito que toda espécie de injustiça que aliena os homens de Deus é retirada por Cristo. E quando ele diz o pecado do mundo, ele estende este favor indiscriminadamente a toda a raça humana” - não meramente aos eleitos.[13]
Em suas observações sobre este texto, Ryle diz,
“Cristo é... um Salvador para toda a humanidade.... Ele não sofreu por algumas pessoas apenas, mas por toda a humanidade.... O que Cristo retirou, e suportou na cruz não foi o pecado de certas pessoas apenas, mas toda a massa acumulada de todos os pecados de todos os filhos de Adão.... Eu defendo tão vigorosamente quanto qualquer um, que a morte de Cristo é proveitosa a ninguém senão os eleitos que crêem em Seu nome. Mas eu não ouso limitar e restringir expressões como esta diante de nós. Eu não ouso dizer que nenhuma expiação foi feita, em qualquer sentido, exceto para os eleitos. Eu creio que é possível ser mais sistemático do que a Bíblia em nossas afirmações.... Não ouso confinar a intenção da redenção aos santos apenas. Cristo é para todo homem.... Eu repudio a idéia de salvação universal como uma heresia perigosa e totalmente contrária à Escritura. Mas os perdidos não provarão ser perdidos porque Cristo não fez nada por eles. Ele carregou seus pecados, Ele levou suas transgressões, Ele proporcionou pagamento; mas eles não afirmariam qualquer interesse nisto... A expiação foi feita por todo o mundo, embora seja aplicada e desfrutada por ninguém senão os crentes.”[14]
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