Mas o verdadeiro enigma para o defensor da expiação limitada, a meu ver, é 1 Tim 4:10:
"Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos crentes. "
Mesmo se nós fôssemos desconsiderar 1 João 2:2 na base de que o" mundo" na mente de João é o mundo dos gentios, por oposição aos judeus, esse mesmo raciocínio não poderia ser aplicado neste caso . O contraste neste versículo não é entre judeus e gentios, mas entre "todos os homens" e "aqueles que crêem." Deus, que nos é dito, é o "salvador" (o contexto é soteriológico) de "todos os homens."
Normalmente eu concederia que "todos" pode significar todos sem distinção ("todos os tipos de homens" e não apenas os judeus) ao invés de todos sem exceção (todos os homens categoricamente). Mas aqui Paulo nos diz que "todos os homens" é a maior categoria da qual "aqueles que crêem" são tomados. Deus é em um sentido menor o salvador de "todos os homens", e em um sentido maior ("especial"), o salvador "daqueles que crêem." Aqueles que defendem a expiação limitada não fazem uma distinção entre os níveis de redenção. Cristo pagou o preço completo da redenção na cruz uma vez por todas, e completamente redimiu todos os eleitos nesse ponto. Mas aqui estamos tomando que há há uma menor redenção ("todos os homens" em geral) e uma maior redenção ("especialmente aqueles que crêem”).
Fonte: http://ntrminblog.blogspot.com/2004/12/we-interrupt-this-broadcast.html
2)
“Primeiro, em relação à 1 Timóteo 4:10: Esta passagem não está, de fato, num contexto soteriológico e, a não ser que nós estejamos indo lê-la numa perspectiva universalista, não somos obrigados a sugerir que Deus é o Salvador de todos os homens em potencial, mas realmente o Salvador somente dos que crêem? Onde mais o termo grego "Salvador" é utilizado para se referir a uma hipotética salvação ao invés de uma verdadeira? Na realidade, esta é uma declaração geral sobre Deus (note que Paulo especificamente não designa Cristo como o Salvador aqui).”
Não estou postulando algum tipo de salvação hipotética. Isso só seria aplicável se eu não acreditasse que Jesus realmente realizou algo por toda a humanidade (ou seja, expiou seus pecados). "Salvação hipotética" muito mais acertadamente se aplica àqueles que afirmam (por 1 Tm 4:10) que Deus é o salvador de todos os homens, mas depois passam a sugerir que não há nenhum sentido em que Deus realmente agiu como salvador para alguns homens - que ele realmente não é o salvador de todos os homens.
O dr. White sugere que a palavra "salvador" aqui não é usada num contexto soteriológico. Confesso que não faço idéia do que isso significa e como pode apoiar seu ponto subsequente. Em que sentido Deus é "o salvador de todos os homens, especialmente aqueles que crêem", se não de uma maneira “soteriológica”? A própria palavra "salvador" é “soter”, de onde obtemos a palavra soteriológico. O Dr. White pode estar querendo dizer aqui (embora não tenha dito) que “soter” não está sendo usada em um sentido redentivo, mas sim num sentido geral no qual Deus liberta as pessoas de seus problemas (como vemos em alguns contextos do Antigo Testamento). Eu acho que nós precisamos trabalhar sobre isso um pouco mais abaixo:
“Assim como Deus é o Criador de todos, até mesmo daqueles que não o reconhecem como Criador e Senhor de todos, mesmo sobre aqueles que se recusam a dobrar o joelho diante dele, e assim como Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, assim também , pois, Ele é o único Salvador que existe, Ele é o Salvador de todos os homens.”
Ele previamente argumentou que este não era um contexto soteriológico (pelo qual eu tomo que ele queria dizer redentivo). Mas aqui parece afirmar que Deus é realmente o único “soter” disponível aos homens de uma maneira soteriológica (Ele é o único Salvador disponível). Acho que isso é sábio dado o fato de que aparentemente não há ainda nenhum exemplo de “soter” no Novo Testamento que claramente tem um outro significado. No entanto, no momento em que reconhece isso, o Dr. White não pode (é o que me pareceu) escapar da ramificação de que Deus é a mesma coisa que ele insistiu que Deus não era, ou seja, um mero salvador hipotético para alguns. Em outras palavras, embora eu certamente compreenda o seu argumento de que Deus é Salvador de todos os homens no sentido de que não há outro Salvador disponível para o homem, e concordo com isso, ...eu não creio que ele tenha compreendido totalmente a ramificação dessa declaração, porque ela sugere que isso é a mesma coisa que sua declaração havia rejeitado. Deus termina sendo o Salvador real dos eleitos e o hipotético (ou meramente potencial) Salvador dos não-eleitos.
Eu ilustrarei esse ponto, usando as mesmas analogias do Dr. White e todas elas, eu creio, trabalham contra a sua posição:
A declaração "Deus é o criador de todos os homens" implica que todos os homens foram realmente criados por Deus. Isso não significa que Deus é o único criador disponível mesmo se Ele não tivesse criado alguns. Pelo contrário, significa que Deus realmente criou o ateu que nega que foi criado por Ele.
O título "Senhor de todos" não significa que ele é o único Senhor disponível mesmo que alguns realmente não estejam sob o seu governo e autoridade. Isso significa que Ele realmente governa todos os seres vivos, inclusive aqueles que não reconhecem o Seu senhorio. Queira ou não a criatura reconhecer essse governo não muda o fato de que Ele está sendo governado.
Assim, quando chegamos ao título "Deus é o Salvador de todos os homens," é incompatível com as analogias anteriores sugerir que esta afirmação significa apenas que Deus é o único Salvador disponível para os homens, mesmo que alguns homens realmente não participem nessa atividade de alguma forma.
“Se esse termo foi intentado em um sentido hipotético, a expressão seguinte "mas especialmente" não faria sentido. "Malista" não toma alguém do hipotético para o real. Ao invés disso, o ponto é que uma vez que Deus é o único Salvador que existe, Ele é o Salvador de todos, mas apenas daqueles que acreditam reconhecer Ele no papel de Salvador. Nada no texto está falando da questão da expiação, seu alcance ou finalidade.”
Eu mantenho que a compreensão do Dr. White desta frase acaba por postular que Deus é apenas um hipotético Salvador para alguns homens. Se Paulo tivesse pretendido o sentido dado por ele, ou seja, que Deus é o único salvador disponivel, mas em nenhum sentido o salvador real dos não-eleitos, então nós poderiamos esperar que Paulo usasse a frase "Deus, nosso Salvador" (como fez em 1 Tm 2:3), ou simplesmente dizer "Deus é o Salvador", sem acrescentar o modificador "de todos os homens." O modificador sugere fortemente que o papel de Deus como Salvador tenha sido efetivamente aplicado, em certo sentido, a "todos os homens". Agora, se Paulo tivesse, naquele momento, acrescentado a frase "especialmente aos judeus” (cf. Rm 2:9-10, onde ele faz algo semelhante), então é claro que nós tomaríamos a frase "todos os homens" como "todos os tipos de homens (sem distinção) " ao invés de “todos os homens (sem exceção) ", e corretamente limitariamos a aplicação aos eleitos, alguns dos quais são judeus e outros que são gentios.
Mas não é isso que Paulo faz aqui. Ao invés disso, ele introduz uma categoria maior ("todos os homens") e uma subcategoria dentro desta categoria maior ("aqueles que crêem"), e afirma que Deus é em um menor sentido o Salvador da categoria principal e em um grande sentido o Salvador da subcategoria. A declaração de Paulo faz Deus, em algum real e aplicado sentido o Salvador de todos os homens. Em contrapartida, a posição do Dr. White vislumbra Deus como o Salvador da subcategoria ("aqueles que crêem") em um sentido real, verdadeiro e aplicado, mantendo que Deus não é o Salvador da categoria principal ("todos os homens"), em nenhum sentido real, efetivo ou aplicado. Portanto, creio que a nomenclatura “Salvador hipotético" se aplica muito mais facilmente à sua posição.