sábado, 2 de janeiro de 2010

Eric Svendsen: 1 João 2:2

Outra passagem que eu creio constituir uma dificuldade exegética para os defensores da expiação limitada é 1 João 2:2: "E Ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.” Tendo escrito um comentário sobre as cartas de João (ver Store NTRMin), tenho lutado com este texto extensamente e não pude justificar a explicação comum dos defensores da expiação limitada de que o contraste entre "nós" e "o mundo" aqui é o contraste entre os judeus e os gentios. Normalmente, eu concordaria com a explicação "judeu/gentio" dos textos sobre predestinação, mas não posso neste caso. Aqui estão os comentários diretamente do meu comentário:


"Esta propiciação não é pelos nossos pecados somente, mas também pelos pecados do "mundo inteiro". No contexto "nossos pecados" deve se referir aos pecados dos crentes (isto é, os eleitos de Deus), e não pode se referir a uma distinção entre diversos "tipos" de pessoas (por exemplo, o "nosso" = judeus, enquanto o mundo "= gentios)."

"Há algumas evidências de que os gnósticos ensinaram a sua própria versão de "expiação limitada", segundo a qual seu "evangelho" seria entregue somente para aqueles iluminados. Paulo deixa entender isso quando contendendo com os gnósticos de Colossos, insistiu que o verdadeiro evangelho tem chegado a "todo o mundo" (Cl 1:6), e foi proclamado "a toda criatura debaixo do céu" (1:23), e que, por este evangelho, devemos advertir e ensinar "a todo homem" (1:28)."

"Assim, não há base para a entender a palavra "mundo", em 1 João 2:2, no sentido exigido por aqueles que defendem a expiação limitada (ou particular), segundo a qual na morte de Jesus Ele expiou somente pelos pecados dos eleitos. João nega essa visão quando insiste que a na morte de Jesus, Ele não só expiou por nossos pecados, mas também pelos pecados do mundo inteiro. O "mundo", na visão de João, consiste daqueles que não tenham ultrapassado as filosofias anti-cristãs, tais como a cobiça, o materialismo, o orgulho e falsos ensinamentos religiosos (2:15-17; 5:4-5); daqueles que não compreendem e até mesmo odeiam os verdadeiros cristãos (3:1,13); daqueles que tem abraçado os falsos profetas (4:1,3), daqueles que são controlados pelo maligno (4:4; 5:19), e tem abraçado o espírito de erro (4:5-6). A comparação, portanto, é entre os crentes e o resto da humanidade incrédula."

"O ponto de João é que a morte de Jesus é de valor infinitamente tão grande que não é apenas suficiente para expiar, mas de fato tem expiado os pecados do mundo inteiro. Isto não significa que o mundo inteiro é assim salvo. A base final sobre o qual alguém recebe a vida eterna não é que o seu pecado foi expiado (apesar de certamente ser uma condição necessária para a vida eterna), mas sim que ele creu em Jesus (5:11-13), e assim aceitou (aplicou) pela fé Sua expiação. Os verdadeiros crentes satisfazem essa exigência (embora só porque a própria fé tenha sido concedida a eles; Ef 2:8-9), o resto do mundo não."