As Escrituras representam a expiação como tendo sido feita para todos homens e como suficiente para a salvação de todos. Portanto, o que é limitado não é a expiação, mas a sua aplicação através da obra do Espirito Santo.
Apoiados neste principio de uma expiação universal, porém com sua aplicação aos eleitos, devemos interpretar passagens como Ef. 4.7; 2 Tm. 1.9,10; Jo. 17.9,20,24, [como] declarando uma eficácia especial para a expiação no caso dos eleitos; também passagens tais como 2 Pe. 2.1; 1 Jo. 2.2; 1 Tm. 2.6; 4.10; Tt. 2.11 [como] declarando que a morte de Cristo é para todos.
As passagens que afirmam a eficácia especial da expiação, no caso dos eleitos, são as seguintes:
Efésios 1.4,7:
“Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo para que fossemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor” ; 7 - “em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das nossas ofensas, segundo as riquezas da sua graça”;
2 Timóteo 1.9,10:
"[Deus,] que nos salvou e nos chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos dos séculos, e que é manifesta, agora, pelo aparecimento do nosso Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção, pelo evangelho” ;
João. 17.9,20,24:
“Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste”; 20 - “Eu não rogo somente por estes, mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim” ; 24 - “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também estejam comigo, para que vejam a minha gloria que me deste”.
Passagens que afirmam que a morte de Cristo destina-se a todos:
2 Pedro 2.1:
“Falsos mestres, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou” ;
1 João 2.2:
“E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”;
1 Timóteo 2.6, 4.10:
"[Jesus Cristo,] o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos” ; 4.10 - “Deus vivo, que é o salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis”
Tito 2.11:
“Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”.
Romanos 3.22:
“Sobre todos os que crêem”
[Essa última passagem] às vezes tem sido interpretada como significando “a todos os homens, e sobre todos os que crêem” (eic = destinacao; etu = extensão).
[…]
A participação inconsciente na expiação de Cristo, em virtude da nossa humanidade comum com ele, em muito nos faz herdeiros da benção temporal. A participação consciente na expiação de Cristo, em virtude da nossa fé nele e na sua obra para conosco, concede-nos justificação e vida eterna.
Matthew Henry diz que a expiação é
“Suficiente para todos; eficaz para muitos”.
J. M. Whiton, em The Outlook, 25 de set. de 1897:
“Samuel Hopkins de Rhode Island (1721-1803) foi quem primeiro declarou que Cristo fez a expiação por todos os homens, não só pelos eleitos, como afirmam os calvinistas".
Devemos dizer “como alguns calvinistas afirmam”; pois, como veremos, o próprio João Calvino declara que
“Cristo sofreu pelos pecados do mundo todo”.
Alfred Tennyson, certa feita perguntou a uma velha metodista quais eram as novas. “Por que, S r. Tennyson?, ha só uma parte das novas que eu conheço; que Cristo morreu pelos homens todos” . Ao que ele lhe disse: “Essa é uma velha noticia, aliás, boa nova”.
Se se perguntar em que sentido Cristo é o Salvador dos homens, respondemos:
a) Que a expiação de Cristo assegura a todos os homens um adiamento na execução da sentença contra o pecado e um espaço para o arrependimento juntamente com a continuação das bençãos comuns da vida que se perderam na transgressão.
Se fosse executada a justiça estrita, a raça teria sido cortada já no primeiro pecado. O fato de que o homem vive mesmo depois de pecar, deve-se totalmente a cruz. Há uma pretermissão, ou “remissão dos pecados antes cometidos, sob a paciência de Deus” (Rm. 3.25), cuja justificação só se encontra no sacrifício do Calvário. Esta “remissão”, contudo, é limitada na sua duração:
ver Atos 17.30,31:
ver Atos 17.30,31:
“Não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam, porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo por meio do varão que destinou”.
Podemos obter o beneficio da lei da gravitação sem entender muito a respeito da sua natureza e os patriarcas e pagãos sem dúvida foram salvos através da expiação, embora eles nunca tinham ouvido falar do seu nome, mas, como desesperançados pecadores, lançaram-se na misericórdia de Deus. Cristo é a misericórdia de Deus e eles não o sabiam. Nossos piedosos judeus modernos experimentarão uma estranha surpresa quando souberem que não só o perdão dos pecados, mas cada uma das outras bençãos da vida lhes vieram através do Jesus crucificado.
Mateus 8.11:
“Mas eu vos digo que muitos virão do Oriente e do Ocidente e assentar-se-ão com Abraão, e Isaque e Jaco, no Reino dos seus”.
O Dr. G. W. Northrup sustenta que a obra de Cristo é universal em três pontos:
- Reconcilia Deus com a raça toda, independentemente da transgressão pessoal;
- Garante a doação em toda a graça comum e os recursos desta;
- Torna certa a doação da vida eterna a todo aquele que se vale da graça comum e dos seus meios para possibilitar a Deus como sábio e santo Governador a dar sua graça especial e renovadora.
b) Que a expiação de Cristo tornou objetiva a provisão da salvação de todos, removendo da mente divina todo o obstáculo ao perdão e a restauração dos pecadores exceto a sua voluntária oposição a Deus e a recusa de voltar-se para ele.
Van O osterzee, Dogmatics, 604:
“Da parte de Deus, foi removido tudo o que causava separação; a não ser que prefiram continuar separados dele”.
A mensagem do evangelho não é:
"Deus perdoará se retornardes";
mas, ao invés disso:
"Deus tem mostrado misericórdia; basta crerdes e tereis a vossa porção em Cristo".
Ashmore, The New Trial of the Sinner em Revista Cristã, 26.245-264:
“A expiação veio a todos os homens e sobre todos os homens. Vê-se a sua coexistência com os efeitos do pecado de Adão em todas as criaturas de modo que os infantes e os debeis mentais, incapazes de recusá-la, são salvos sem o seu consentimento, mesmo porque estão envolvidos no pecado de Adão sem o seu consentimento.
A razão por que os outros não são salvos e que, quando a expiação vem a eles e sobre eles, ao invés de consentirem em ser incluídos nela, rejeitam-na. Se eles nasceram sob a maldição do mesmo modo nasceram sob a expiação, cuja finalidade é remover a maldição; permanecem sob o seu escudo até que tenham a idade suficiente para repudiá-la;
Eles desprezam as suas influências como o homem fecha a janela para os raios do sol; eles desviam-na em direção oposta do mesmo modo que o homem constrói diques em volta do seu campo para impedir que a água corra e não fertilize o solo” .
c) Que a expiação de Cristo procurou para todos homens os poderosos incentivos para o arrependimento apresentados na cruz e a atuação combinada da igreja cristã e do Espirito Santo pelos quais estes incentivos foram levados a eficácia sobre eles.
Do mesmo modo o sol e a chuva são necessários para que o agricultor seja beneficiado com a terra. Ao mais seria preciso que Cristo sofresse, se todos fossem salvos. Como já vimos, os seus sofrimentos não são o pagamento de uma divida pecuniária. Tendo suportado a pena do pecado, a justiça permite a sua absolvição, mas não a requer, a não ser como cumprimento de uma promessa ao seu substituto, e a única condição exigida é o conjunto arrependimento e fê. A expiação é ilimitada; toda a raca humana pode ser salva através dela; a aplicação da expiação é limitada; só os que se arrependem e crêem são verdadeiramente salvos por ela.
Robert G. Farley:
“A futura mãe prepara o enxoval completo e bonito para o filho que ela espera. O filho, porem, ainda não é nascido. Entretanto, o enxoval está preparado como se o nascimento já fosse uma realidade. A obra de Cristo esta completa tanto para um homem como para o outro; tanto para o incrédulo como para o crente”.
Cristo é especialmente o salvador dos que crêem naquele que exerce um poder do seu Espirito para que seja o procurador da aceitação da sua salvação. Entretanto, isto não é parte da sua obra expiatória; é a aplicação desta e, como tal, será considerada a partir de agora.
Strong, Augustus Hopkins, 1836-1921. Teologia sistemática pgs 461-464/ Augustus Hopkins Strong ;prefácio de Russell Shedd ; [tradução Augusto Victorino]. - São Paulo : Hagnos, 2003.
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