domingo, 29 de setembro de 2013

Steven Costley: Hermenêutica de 2Pedro 3:9 – “Nós todos” ou “Vós todos”?



Meu amigo Tony Byrne (cujo excelentíssimo blog, Theological Meditations, eu fortemente recomendo postou recentemente algumas críticas para o Dr. James White, que obteve uma resposta de White. O ponto em disputa é a interpretação apropriada de 2Pedro 3:9. White objetou alguns aspectos da análise lógica de Byrne sobre as categorias envolvidas (crentes, descrentes, eleitos etc.) e Byrne está bem apto a defender-se em tais pontos. Neste post, eu busco analisar a abordagem de White parta a hermenêutica e o entendimento apropriado do contexto do verso.

O verso em disputa é 2Pedro 3:9:

O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se. {2Pedro 3:9 Almeida Recebida}

Ou como traduzida pela NASB:

The Lord is not slow about His promise, as some count slowness, but is patient toward you, not wishing for any to perish but for all to come to repentance. 
O Senhor não é lento acerca de Sua promessa, como alguns contam lentidão, mas é paciente para vós, não desejando que qualquer pereça mas todos venham a arrependimento.

White advoga a ideia de que “qualquer” e “todos” de 2Pedro 3:9 se refere a “qualquer eleito” e “todos os eleitos”. O processo de pensamento que leva a esta conclusão é suspeito e mais certamente levara muitos a más ideias sobre o verso. Eu responderei aos dois principais argumentos de White e farei um caso positivo para ver “todos” e “qualquer” como abordando todos os homens em geral, crentes e descrentes, eleitos e não-eleitos.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

David Ponter: A Ordem dos Decretos de John Cameron (1579-1625) e Moses Amyraut (1596-1664)



Aqui estão as linhas essenciais de John Cameron [sobre a Ordem dos Decretos]:

“Por conseguinte, há dois tipos de decretos, um deles requer uma condição, outro não. Aquele pode ser denominado condicional, e o segundo de absoluto. Sobre o primeiro tipo [de decreto] está sujeita a justificação, e assim esta requer, necessariamente, a fé e o arrependimento. Sobre o segundo tipo [de decreto] está ligada a vocação eficaz, e esta não necessita de condições e disposições... O primeiro decreto, então, é restaurar a imagem divina sobre a criatura, de uma forma que os direitos de justiça possam ser assegurados. O segundo é enviar o Filho de Deus ao mundo para salvar todo aquele que nele crer, isto é, [os que] são os seus membros. O terceiro é tornar os homens aptos e capazes de crer. O quarto é salvar aqueles que crerem. Os dois primeiros são gerais, os dois últimos especiais e particulares. Em nosso método de considerar as coisas, o principal está antes do menos principal. O geral é anterior ao especial e particular...Mas tudo isso é para ser entendido como falado de Deus, de uma forma acomodada à enfermidade da mente humana”.

[De acordo com ele], há basicamente dois tipos de decretos, um decreto condicional geral e um decreto absoluto limitado. Os dois primeiros decretos são condicionais, seguido por dois decretos absolutos. Para Cameron, Amyraut e Davenant, et al, estes decretos condicionais sempre foram agrupados na vontade revelada de Deus. Decretos condicionais nunca se referem a um a ineficaz vontade de decreto absoluta ou secreta. Por exemplo, veja Davenant sobre o significado de decretos condicionais aqui ou aqui (ambos em inglês) para ver mais exemplos e explicações.

Isso agora nos ajuda a compreender [a posição de] Amyraut [exposta pelo Sínodo de Alancon (1637)]: 

domingo, 15 de setembro de 2013

César Francisco Raymundo: Os Cinco Pontos do Calvinismo



1. Total depravação. O homem natural não pode apreciar sequer as coisas de Deus. Menos ainda salvar-se. Ele é cego, surdo, mudo, impotente, leproso espiritual, morto em seu pecado, insensível à graça comum. Se Deus não tomar a iniciativa, infundindo-lhe fé salvadora, e fazendo-o ressuscitar espiritualmente, o homem natural continuará morto eternamente. Sal. 51:5; Jer. 13:23; Rom. 3:10-12; 7:18; 1 Cor. 2:14; Ef. 1:3, 12; Col. 2:11-13. 

domingo, 1 de setembro de 2013

I João 2:2 e o Argumento contra a Expiação Universal






Alguns particularistas tem feito uso do seguinte argumento contra a expiação universal:



Em I João 2.2, é dito que Cristo é a "propiciação" (hilasmos) pelos pecados do mundo. Como a palavra propiciação significa aplacar a ira, e no caso a ira de Deus, e em Apocalipse é dito que Cristo morreu antes da fundação do mundo, então antes que houvesse mundo Deus teve sua ira aplacada em relação aqueles por quem Cristo morreu. Sendo assim não é possível que “mundo” inclua os não-eleitos e Cristo tenha morrido por eles, pois textos como Ef 2.3, Cl 3.6, 1Ts 1.10, 2.16, 5.9 ensinam claramente que Deus está irado e irá derramar Sua ira sobre eles.



O primeiro problema com esse argumento é de acordo com ele Deus não estaria irado com os eleitos que ainda estão em um estado de incredulidade. Essa ideia é totalmente contrária ao calvinismo ensinado nas confissões de fé reformadas:

1)Dort:


"1:1 Todos os homens pecaram em Adão, estão debaixo da maldição de Deus e são condenados à morte eterna. [...] 

1:4 A ira de Deus permanece sobre aqueles que não crêem neste Evangelho. [...] 

Erro 2:5 Todas as pessoas têm sido aceitas por Deus, de tal maneira que estão reconciliadas com Ele e participam da aliança. Por isso ninguém está sujeito à condenação ou será condenado por causa do pecado original. Todos estão livres da culpa deste pecado. 

Refutação 2:5 Esta opinião contraria a Escritura* que ensina que nós somos "por natureza filhos da ira" (Ef 2:3)" Para mais clique aqui.


2)CFW:


"6:6. Todo o pecado, tanto o original como o atual, sendo transgressão da justa lei de Deus e a ela contrária, torna, pela sua própria natureza, culpado o pecador e por essa culpa está ele sujeito à ira de Deus e à maldição da lei e, portanto, sujeito à morte com todas as misérias espirituais, temporais e eternas. 

Pergunta 19 (Breve Catecismo). Qual é a miséria do estado em que o homem caiu?



R. Todo o gênero humano pela sua queda perdeu comunhão com Deus, está debaixo da sua ira e maldição, e assim sujeito a todas as misérias nesta vida, à morte e às penas do Inferno para sempre". Para mais clique aqui.

Pode-se questionar também se a mesma objeção não poderia ser levantada também em relação aos eleitos, pois as Escrituras descrevem os eleitos como debaixo da ira de Deus. Abaixo seguem duas amostras disso: