segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Neil Chambers: Uma Refutação de John Owen Sobre o "Mundo" em João. Com Referência a João 3:16-17, 6:51, 16: 8-11, 17 e 1 João 2:2



Uma Consideração do "Mundo"


Por toda sua obra Owen lista uma série de textos bíblicos para apoiar sua posição e no Livro IV também lida, em profundidade, com textos que são suscetíveis a apoiar uma interpretação da expiação que é contrária a sua. Owen chega naqueles textos que são mais amados pelos que defendem uma redenção universal tendo primeiro, como vimos, estabelecido uma grade geral de interpretação nos Livros I – III, a qual cria uma presunção forte a favor da expiação limitada (“a peculiar redenção eficaz somente dos eleitos” [2]) e seu objetivo é demonstrar a consistência destes textos com a sua própria posição.

Consistente com o nosso desejo de ir do texto para a teorização, nós reverteremos a ordem de Owen, e, olhando primeiro para o seu tratamento dos textos, nós examinaremos textos individuais antes de considerarmos os aspectos de seus argumentos nos capítulos subsequentes. Entretanto, nós não examinaremos todos os textos ou grupos de textos relacionados. Ao invés disso, nós nos limitaremos a um exame do sentido do termo "mundo" nos escritos de João, com preferência àquelas passagens onde é feita menção de “todos” e “cada” em relação à redenção e àqueles textos que parecem falar do perecimento daqueles por quem Cristo morreu. [3]

Nós adotamos esse procedimento não apenas pelas exigências de espaço, mas também devido à necessidade decorrente da profundidade e da natureza da apresentação de Owen. Muitos tratamentos da questão da extensão da expiação se contentam apenas em listar versículos ou utilizar o suporte deles depois de um exame superficial. Um conceito tal como “mundo” em João, tão profundamente enraizado na teologia daquele livro, não terá seu pleno sentido desvendado a partir de um breve ou isolado exame de um ou dois versículos. Ao invés disso, cada ocorrência deve ser interpretada contra o contexto de seu papel em todo o livro.

Em segundo lugar, como Owen está advogando uma posição exclusiva e absoluta, na qual ele nega que a morte de Jesus tem alguma referência para os não-eleitos, que não é, em nenhum sentido, “por” eles e que não é, em nenhum sentido, uma expressão do amor de Deus por eles [4], basta apenas uma exceção para tornar questionável sua posição e justificar uma reavaliação crítica de seu argumento para essa posição a fim de descobrir porque ele distorceu o sentido da Escritura. [5] Mas essa exceção necessitará ser certa, isto é, no caso nós necessitaremos ter certeza de que não é possível que mundo tenha o sentido dado por Owen para João 3:16 e I João 2:2.

Assim, duas questões críticas se apresentam em relação a posição de Owen. Em primeiro lugar, se pode-se falar ou não de Deus como amando, em algum sentido, qualquer um além dos eleitos, no envio de Jesus para salvar. Em segundo lugar, se pode-se falar corretamente da morte de Cristo como sendo “pelos”, em algum sentido, não-eleitos.