Não deve causar estranheza que Paulo atribuía a Timóteo a obra de salvar a igreja, porquanto todos que são conquistados para Deus são salvos, e é por meio da pregação do evangelho que somos unidos a Cristo.
E assim, como a infidelidade ou negligência de um pastor é fatal à igreja, também é justo que sua salvação seja atribuída à sua fidelidade e diligência. É deveras verdade que é unicamente Deus quem salva, e que nem mesmo uma ínfima porção de sua glória é transferida para os homens. Mas a glória de Deus não é de forma alguma ofuscada em usar ele o labor humano para outorgar a salvação.
E assim, como a infidelidade ou negligência de um pastor é fatal à igreja, também é justo que sua salvação seja atribuída à sua fidelidade e diligência. É deveras verdade que é unicamente Deus quem salva, e que nem mesmo uma ínfima porção de sua glória é transferida para os homens. Mas a glória de Deus não é de forma alguma ofuscada em usar ele o labor humano para outorgar a salvação.
Por conseguinte, nossa salvação é dom de Deus, visto que ela emana exclusivamente dEle e é efetuada unicamente por seu poder, de forma que Ele é seu único Autor. Mas esse fato não exclui o ministério humano, tampouco nega que tal ministério possa ser o meio de salvação, porquanto é desse ministério, segundo Paulo diz em outra parte, que depende o bem-estar da igreja [Ef 4.11].
Esse ministério é por natureza inteiramente obra de Deus, pois é Deus quem modela os homens para que sejam bons pastores e os guia por intermédio de seu Espírito e abençoa seu trabalho para que o mesmo não venha ser infrutífero. Se um bom pastor é nesse sentido a salvação daqueles que o ouvem, que os maus e os indiferentes saibam que sua ruína será atribuída aos que têm responsabilidades sobre eles. Pois assim como a salvação de seu rebanho é a coroa do pastor, assim também todos os que perecem serão requeridos das mãos dos pastores displicentes.
Diz-se que um pastor salva a si mesmo quando ele obedece sua vocação, cumprindo fielmente o ofício a ele confiado, não só porque assim evita o terrível juízo com o qual o Senhor ameaça pela boca de Ezequiel, “seu sangue o requererei de tuas mãos” [33.8], mas porque é costumeiro falar dos crentes como que conquistando sua salvação permanecendo no curso de sua salvação. Já falei dessa forma de expressão em meu comentário ao segundo capítulo de Filipenses [2.12].
Fonte: Calvino, João. Pastorais. São José dos Campos -SP. Editora Fiel 2009, pg 124. Tradução: Valter Graciano Martins.
Obs: Texto reformatado. Ressaltação em negrito não é original do texto. Tomei a liberdade de trocar as primeiras palavras “nem se” por “não”.
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