sábado, 18 de dezembro de 2010

W.G.T. Shedd (1820–1894): A Obra da Trindade na Salvação do Homem


1) Em terceiro lugar, uma expiação, ou pessoal ou vicária, quando feita, naturalmente e necessariamente cancela as reivindicações legais. Isto significa que existe uma tal natural e necessária correlação entre a expiação vicária e a justiça, que a primeira fornece tudo que é exigido para a última. Isso não significa que a expiação vicária de Cristo, naturalmente e necessariamente, salva a cada homem, porque a relação da expiação de Cristo com a justiça divina é uma coisa, mas a relação de uma pessoa em particular com a expiação de Cristo é uma coisa muito diferente.


A morte de Cristo em relação às reivindicações da lei sobre toda a humanidade, cancela essas reinvindicações completamente. É uma infinita "propiciação pelos pecados do mundo todo” 1 João 2:2. Mas a relação de uma pessoa impenitente com essa expiação é de incredulidade e rejeição da mesma. Conseqüentemente, o que a expiação efetuou objetivamente em referência ao atributo da justiça divina, não é efetuado subjetivamente na consciência do indivíduo. Há uma satisfação infinita que naturalmente e necessariamente cancela as reinvidicações legais, mas a incredulidade não deriva nenhum benefício do fato. Shedd, Dogmatic Theology, 2:437

2) A expiação do pecado é distinguível do perdão dele. O primeiro, possivelmente, pode ter lugar e o último não. Quando Cristo morreu no Calvário, toda a massa, por assim dizer, do pecado humano foi expiado meramente por essa morte, mas nem toda a massa foi perdoada meramente por essa morte. As reinvindicações da Lei e da justiça pelos pecados do mundo todo foram satisfeitas pela “oferta do corpo de Jesus Cristo uma vez por todas "(Hb 10:10), mas os pecados de cada homem individual não foram perdoados e “apagados” por essa transação. Ainda uma outra transação foi necessária para isso, a saber, a obra do Espírito Santo no coração do pecador construindo fé nesta oferta expiatória, e o ato declarativo de Deus, dizendo: “Teus pecados são perdoados”. O Filho de Deus , depois de ter oferecido um sacrifício pelos pecados para sempre "Se sentou à direita de Deus" (Hebreus 10:12), mas se a obra redentora da Trindade tivesse parado neste ponto, nem uma alma da humanidade teria sido perdoada e justificada, mas ainda assim o valor expiatório do "único sacrifício" teria sido o mesmo. Shedd, Dogmatic Theology, 3:418.

Nota de David Ponter: Shedd é citado para responder à alegação de que a expiação deve, por si só, garantir a sua aplicação para todos aqueles por quem foi feita (contra Smeaton, et al). Veja também Lane e Daniel para uma explanação sobre esse ponto.


Fonte: http://calvinandcalvinism.com/?p=354
Tradução:  Emerson Campos Pinheiro.