terça-feira, 23 de novembro de 2010

Jonathan Edwards (1703–1758): Sobre a Morte de Cristo



Redenção Particular


1)Expiação Limitada. Deus não tinha a intenção de salvar aqueles, pela morte de Cristo, que Ele sabia, desde toda a eternidade, que Ele não salvaria por Sua morte. Se Ele intentou salvar alguém, foram aqueles que Ele sabia que seriam salvos. (Miscellanies 21)

2) Expiação é Suficiente. Cristo morreu por todos nesse sentido: que todos por Sua morte tem uma oportunidade de serem salvos. Ele teve esse designio em morrer para que eles tivessem essa oportunidade por ela, pois Deus designou que todos os homens tivessem tal oportunidade, ou eles não a teriam, e eles a tem pela morte de Cristo. Isso, no entanto, não é concebido da expiação, mas somente pela preservação de Seu ser. Paulo usa o termo de maneira semelhante em 1 Tm. 4:10: “Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porque temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos crentes.” (Miscellanies 424)


3) Essas sinceras orações e fortes clamores de Cristo ao Pai na Sua agonia, mostram a grandeza do seu amor aos pecadores. Pois, como foi demonstrado, esses fortes clamores de Jesus Cristo foram o que Ele ofereceu a Deus como uma pessoa pública, na qualidade de Sumo Sacerdote, e em favor daqueles de quem era sacerdote. Quando Ele ofereceu seu sacrifício pelos pecadores a quem amou desde a eternidade, em adição ofereceu sinceras orações. Seu forte clamor, Suas lágrimas e Seu sangue foram oferecidos unidos a Deus, e todos eles foram oferecidos por um mesmo fim, para a glória de Deus na salvação dos eleitos. Todos eles foram oferecidos pelas mesmas pessoas, isto é, por seu povo. Ele derramou Seu sangue por eles, quando suou sangue e este caiu em pedaços coagulados no chão. E por eles é que tão ardentemente, ao mesmo tempo, clamou a Deus. Isso aconteceu para que a vontade de Deus pudesse ser feita no triunfo dos Seus sofrimentos e no triunfo desse sangue na salvação daqueles por quem o sangue foi derramado, e, portanto, esse forte clamor demonstra seu vigoroso amor. Demonstra quão grandemente Ele desejou a salvação dos pecadores. Ele clamou a Deus para não ceder e falhar nesse grande empreendimento, porque se Ele falhasse, os pecadores não poderiam ser salvos e todos pereceriam. [Banner of Truth, Christ’s Agony, in Works vol, 2, p., 875.]


Redenção da Humanidade


1) Consideremos a escolha da pessoa para ser nosso Redentor. Quando Deus designou a redenção da humanidade, sua grande sabedoria, aparece em que Ele colocou seu próprio Filho unigênito como sendo a pessoa para executar o trabalho. Ele foi um redentor da própria escolha de Deus e, portanto, ele é chamado nas Escrituras de eleito de Deus (Isaías 42:1). A sabedoria de escolher essa pessoa para ser o Redentor aparece em ser Ele, de todas as maneiras, a pessoa apta para esta empreitada. Era necessário que a pessoa que fosse o Redentor divino fosse uma pessoa divina. – Ninguém, a não ser uma pessoa divina seria suficiente para esta grande obra. O trabalho é infinitamente inadequado* a qualquer criatura. Era necessário que o redentor dos pecadores fosse, ele mesmo, infinitamente santo. Ninguém poderia tirar o mau infinito do pecado, a não ser aquele que está infinitamente longe e contrário ao próprio pecado. Cristo é uma pessoa apta sobre essa descrição. [Jonathan Edwards, “The Wisdom of God, Displayed on the Way of Salvation,” in Works, Banner of Truth, vol, 2, p., 142.]

*Nota do tradutor: desigual (unequal)


Cristo Veio Para Redimir o Mundo Todo


1) Dessas coisas inevitavelmente se seguirá, porém, que Cristo, em certo sentido pode ser dito ter morrido por todos, e redimido todos os visiveis cristãos, sim, o mundo todo, pela Sua morte, ainda assim deve haver algo particular no designio de Sua morte, com relação àqueles que Ele realmente pretendia que fossem salvos por ela. Como se verifica pelo que foi mostrado até aqui, Deus tem a real salvação ou redenção de um certo número em Seu próprio desígnio absoluto, e somente de um certo número. Portanto, tal designio só pode vir a acontecer em algo que Deus faz, visando a salvação dos homens. Deus segue um peculiar designio de salvação dos eleitos ao dar entregar Cristo para morrer, e segue tal designio com relação a nenhum outro, mais estritamente falando; pois é impossível, que Deus seguisse algum outro designio além daquele que Ele tem. Ele certamente não, na maior exatidão e estritamente falando, segue um designio que não tem. E, de fato, uma particularidade e limitação da redenção se seguirá infalivelmente da doutrina da presciência de Deus, como daquela do decreto. Por isso é tão impossível, estritamente falando, que Deus siga um designio ou tenha por objetivo uma coisa, que Ele, ao mesmo tempo, sabe mais perfeitamente que não será cumprido, uma vez que Ele se esforçaria por aquilo que está além de Seu decreto. Freedom of the Will, Part 4, Section 14, Conclusion, pp., 328-329 [Soli Deo Gloria Publications].


Expiação Suficiente pelos Pecados do Mundo


1) No dia do Sabbath ela estava tão doente, que seus amigos pensaram que seria melhor que não fosse ao culto público, do qual parecia muito desejosa. Mas ao ir para a cama na noite de sábado, ela tomou uma resolução: que no dia seguinte iria ao ministro, na esperança de encontrar algum alívio lá. Quando acordou na segunda-feira de manhã, um pouco antes do amanhecer, ela se surpreendeu consigo mesma da facilidade e da tranqüilidade que sentia em sua mente, que era de um tipo que nunca havia sentido antes. Enquanto pensava sobre isso, palavras como estas estavam em sua mente:


“As palavras do Senhor são palavras puras, saúde da alma, e medula para os ossos”

E então estas palavras:

"O sangue de Cristo purifica de todo pecado”

Elas foram acompanhadas com um vivo sentido da excelência de Cristo, e Sua suficiência para satisfazer pelos pecados do mundo todo. Ela então pensou da expressão “É agradável para os olhos ver o sol”, que as palavras, então, pareciam ser muito aplicáveis a Jesus Cristo. Por estas coisas a mente dela foi levada para tais contemplações e visões de Cristo, assim a enchendendo de demasiada completa alegria. Ela contou a seu irmão, pela manhã, o que tinha visto (ou seja, na realização das visões pela fé) Cristo na última noite, e que ela realmente pensava que não tinha conhecimento suficiente para ser convertida, “mas”, diz ela, “Deus pode fazer isso muito fácil!” Na segunda-feira ela sentiu durante todo o dia uma doçura constante em sua alma. Ela teve uma repetição das mesmas descobertas de Cristo três manhãs juntas, e muito do mesmo modo, em cada vez, acordava um pouco antes do dia, porém, mais e mais brilhante a cada dia.[Jonathan Edwards, Narrative of Surprising Conversions” Works, Banner of Truth, vol, 1, sect., 3, p., 360].


2) Em primeiro lugar, Deus pode, sem prejuízo para a glória de qualquer de seus atributos, conceder a salvação a qualquer um dos filhos dos homens, exceto para aqueles que cometeram o pecado contra o Espírito Santo. O caso foi assim, quando o homem caiu e Deus revelou o seu eterno propósito e plano para redimir os homens por Jesus Cristo. Isso provavelmente foi encarado pelos anjos como uma coisa absolutamente inconsistente com os atributos de Deus salvar alguns dos filhos dos homens. Era completamente inconsistente com a honra dos atributos divinos salvar qualquer um dos caídos filhos dos homens como estavam em si mesmos. Isso não poderia ter sido feito se Deus não tivesse criado uma maneira consistente com a honra da sua santidade, majestade, justiça e verdade.

Mas uma vez que Deus no evangelho, revelou que nada é demasiado difícil para Ele fazer e que nada está além do alcance do Seu poder, sabedoria e suficiência; e visto que Cristo realizou a obra de redenção, e cumpriu a lei pela obediência, não há ninguém da humanidade a quem Ele não possa salvar sem prejuízo de quaisquer de seus atributos, exceto aqueles que cometeram o pecado contra o Espírito Santo. E esses Ele poderia ter salvo sem contrariar qualquer dos seus atributos, se não tivesse se agrado em declarar que não desejava [salvá-los]. Isso não era porque Ele não poderia os ter salvo de forma coerente com a Sua justiça, e em consonância com a sua Lei, ou porque o seu atributo de misericórdia, não era grande o suficiente, ou que o sangue de Cristo não era suficiente para purificar desse pecado. [Jonathan Edwards, “God’s Sovereignty in Men’s Salvation,” in Works, Banner of Truth, vol, 2, p., 850.]

3) Nisso também Cristo apareceu gloriosamente acima da culpa dos homens. Porque Ele ofereceu um sacrifício que foi suficiente para eliminar toda a culpa do mundo todo. Embora a culpa do homem fosse como as grandes montanhas, cujas cabeças se erguem até o céu, ainda assim seu amor ao morrer, e seus méritos, aparecem como um dilúvio poderoso que transbordou as montanhas mais altas, ou como um oceano infinito que as engole, ou como uma fonte imensa de luz que com a plenitude e superabundância de seu brilho, engole os maiores pecados dos homens, como ciscos pequenos são engolidos e escondidos pelo brilho* do Sol. Nisso Cristo apareceu acima toda a corrupção do homem, por qual meio Ele adquiriu santidade para o principal dos pecadores. E Cristo, sofrendo aflição tão extrema, alcançou a vitória sobre toda a miséria, e colocou uma fundação para que ela seja totalmente abolida, com relação aos seus eleitos. Ao morrer, Ele se tornou a praga e a destruição da morte. Quando a morte o matou, ela matou a si mesma. Porque Cristo, por meio da morte, destruiu o que tinha o poder da morte, o diabo (Hebreus 2:14). Por esse meio Ele lançou as bases da ressurreição gloriosa de todo o seu povo para uma vida imortal. [Jonathan Edwards, “Christ Exalted,” in Works, Banner of Truth, vol, 2, p., 215.]

* Nota do tradutor: disco (disk)


Expiação pelos Pecados do Mundo


1) A Mediação de Cristo. A Sabedoria de Deus na Obra de Redenção. Como Deus reúne juntamente todas as coisas em Cristo. Cristo, Deus-homem não é só Mediador entre Deus e os homens pecadores, mas Ele age como uma pessoa intermediária entre todas as outras pessoas, e todos os seres inteligentes, para que todas as coisas possam ser reunidas juntas em um Nele, conforme Efésios 1:10. Ele é a pessoa intermediária entre as outras duas pessoas divinas, e age como tal, no caso da nossa redenção, como tem sido demonstrado, no. 772.

Embora Ele não seja propriamente um mediador entre Deus e os anjos, ainda assim Ele age em muitos aspectos, como uma pessoa intermediária entre eles, de modo que a vida eterna, glória e felicidade da qual eles desfrutam é por seu intermédio. E ele é um tipo de mediador entre um homem e outro, para fazer a paz entre eles; assim como Ele reconcilia Deus e o homem, pelo seu sangue, pela Sua Palavra e pelo Seu Espírito, assim pelos mesmos Ele reconcilia um homem e o outro. Ele reconcilia um homem a outro pelo Seu sangue, por tirar toda causa que alguém pode ter para odiar o outro - porque o que é realmente detestável neles, e pelos quais merecem ser odiados tanto por Deus quanto pelo homem – por sofrer por isso completamente tanto quanto isso merece, de modo que tanto o que ódio de Deus e do homem deseja é aqui inteiramente realizado em um castigo completamente proporcionais ao [caráter] odioso do crime.

Se os pecados dos homens já não tivessem sido totalmente punidos nos sofrimentos de Cristo, todos, tanto anjos quanto homens, poderiam justamente odiar todos os pecadores por seus pecados. Porque se os considerar como são em si mesmos, eles são realmente infinitamente odiáveis, e não poderiam ser considerados de qualquer outra forma a não ser como são em si, não tivesse outro sido substituído por eles; e, portanto, eles devem necessariamente considerar odiosas todas coisas vistas como elas são. É impossível para alguém odiar um crime como um crime ou falha, sem desejar que ele seja punido. Porque aquele que odeia o pecado é, portanto, um inimigo dele, e, portanto, necessariamente é hostil ou inclinado a agir contra ele, para que ele possa sofrer ou ver ele sofrer; e se nós imputamos os pecados dos homens a eles, isto é, se olharmos para o caráter odioso de seus pecados como sendo seu caráter odioso, nós necessariamente os odiamos, e somos inclinados para que os sofrimentos que nós desejamos para os seus pecados, sejam o sofrimento deles.

Mas agora que Cristo sofreu pelos pecados do mundo, nós não devemos odiar nenhum homem, porque há espaço para a esperança porque Cristo sofreu e satisfez por seus pecados, e portanto, devemos nos esforçar para trazê-los para Cristo. Uma correta consideração dos sofrimentos de Cristo pelos pecados dos outros é suficiente para satisfazer toda justa indignação contra eles por seus pecados. Uma vez que, se os santos e os anjos vem a saber com certeza que Cristo não satisfez pelo pecado de algum homem, eles vão odiá-lo, e se alegrarão no seu sofrimento infernal e eterno, que eles considerarão não ser mais do que proporcional ao caráter odioso de seus pecados.

Então, Cristo por seus sofrimentos em um sentido fez propiciação pelos pecados dos homens, não só a Deus, mas a suas semelhantes criaturas; e assim por sua obediência, recomenda-lhes não só o favor de Deus, mas também de uns aos outros. Porque a justiça de Cristo é extremamente amável para todos os homens e anjos, que a consideram corretamente, e o próprio Cristo é amável a eles por esse fato, e torna tudo o que eles olham como sendo Nele amável aos seus olhos, e os considera como membros de tão amável cabeça, assim como se ama naturalmente os filhos daqueles por quem temos um terno amor. Cristo pela sua morte também tem colocado uma fundamento para a paz e o amor entre os inimigos, nisso Ele fez duas coisas: primeiro, na fixação do mais maravilhoso e comovente exemplo de amor aos inimigos, um exemplo em um caso em que nós somos mais proximamente relacionados, porque nós mesmos somos aqueles inimigos para quem Ele manifestou tal amor.


Fonte:  http://calvinandcalvinism.com/?p=143
Tradutor:  Emerson Campos Pinheiro.